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Marcos 1,40-45

Naquele tempo,

   um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: "Se queres tens o poder de curar-me".

   Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica curado!"

   No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado.

   Então Jesus o mandou logo embora,

   falando com firmeza: "Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote
e oferece, pela tua purificação,  o que Moisés ordenou, como prova para eles!"

   Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais
entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos.
E de toda parte vinham procurá-lo.

 

Palavra da Salvação.


Homilia Na Missa do 6° Domingo do Tempo Comum

Queridos irmãos e irmãs, presentes em nosso Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e, uma saudação muito fraterna, a você que acompanha a transmissão da missa dominical, hoje do 6° domingo do tempo comum.

Com esta celebração, começamos uma semana partindo do momento em que Cristo, em sua vida pública, realiza um sinal extraordinário de cura. Teremos a oportunidade de contemplar, não só no domingo, mas também nos outros dias que seguem, a imagem de Cristo, naquele instante presente junto à toda a humanidade.

Na quarta-feira próxima, ao iniciarmos o tempo da quaresma, damos a nós a oportunidade de, primeiramente, nos prepararmos por um período de penitência e oração. Desta forma, inicia-se um novo ciclo, e retomaremos o tempo comum depois de concluídas as grandes festividades pascais.

Tomemos hoje cada uma das leituras e entremos no espírito celebrado por meio da liturgia da palavra. Inclusive, ao ouvirmos um trecho da primeira carta de São Paulo aos Coríntios, São Paulo, consciente de sua missão, convida a comunidade de Corinto para que todos possam imitar a Cristo: imitando a ele, consequentemente, estariam imitando a Cristo.  E São Paulo, diz: sede, portanto, meus imitadores, como também eu vos sou de Cristo.

Para tomarmos, então, o convite de São Paulo hoje, a seguirmos realmente o modelo de Cristo, apresenta-se diante de nós um precioso quadro do momento em que São Marcos narra o encontro de Jesus com este leproso. O texto começa dizendo que um leproso chegou perto de Jesus e, de joelhos, pediu: "Se queres, tens o poder de curar-me". Foi grande a ousadia deste leproso, pois não era permitido nenhum ato de aproximação de ninguém.

O que estava contido não só no ato, mas na súplica deste leproso, com certeza, são as dores e enfermidades de toda a humanidade que suplica ao Senhor, em meio aos sofrimentos que Deus possa devolver a cura.

Portanto, este leproso reconhece em Jesus a imagem visível de Deus, e a súplica que parte do coração do leproso, com certeza, inspira-nos em vários momentos da vida, em que passamos por enfermidades, por doenças, a buscarmos o Senhor constantemente, suplicamos perdão, suplicando a cura.

No tempo de Jesus, mas também, no decorrer de vários momentos da história de Israel, ao leproso não era permitido nenhum ato de aproximação. E antes de continuarmos no texto do evangelho, entendamos o que o próprio livro do Levítico, na primeira leitura, narrava, na indicativa e no cuidado, quem sabe extremo, para com os outros, sem muita preocupação com aquele que era portador da doença.

Não estamos aqui para condenar a maneira como o livro do Levítico traz essas indicativas, mas justamente para mostrar que Jesus quer que a lei que Moisés inspirou ao povo de Israel seja uma lei bem vivenciada e em plenitude. Muito mais do que o cumprimento da lei que prescrevia, encontra-se o ato de Jesus, que iremos, daqui a pouco vislumbrar no momento em que sente compaixão.

Mas no livro do Levítico, já era prescrito que, quando alguém estivesse com algum tipo de doença de pele, então era qualquer tipo de doença, às vezes, nem era lepra, mas qualquer inflamação, erupção ou mancha branca com aparência da lepra, este deveria ser levado ao sacerdote, Arãao ou a um dos seus filhos, para que pudesse identificar alguém com lepra e pudesse, assim, dizer que este ou esta estava impuro. E como tal, este que era declarado impuro, o homem atingido por este mal, deveria se vestir com vestes rasgadas, cabelos em desordem e a barba coberta. E, além do mais, quando saíssem na rua para não ter um contato com outras pessoas, deveria gritar "impuro, impuro", para que ninguém se aproximasse e não se tornasse uma grande epidemia. E durante o tempo que estivesse com a lepra, seria considerado impuro, deveria ficar isolado e morar fora do acampamento ou fora dos seus.

Imaginem quantas dores carregadas por inúmeros leprosos em condições de nenhum contato social. E eis que este leproso ousa se aproximar de Jesus, e o próprio Jesus responde ao ato do leproso, segundo São Marcos, o único evangelista que traz na narrativa da cura do leproso com esta conotação de Jesus cheio de compaixão, estendendo a mão, tocando nele e dizendo: "Eu quero, fica curado".

Do desejo de cura que parte do coração do leproso, agora Deus agindo em Jesus Cristo e proporcionando a cura, tocando a humanidade e realizando este gesto fundamental em que a cada um é dada a possibilidade da cura. E no mesmo instante aquela lepra desaparece, ele fica curado, e Jesus então manda o leproso embora, fala o que ele deveria fazer: "Não contes nada disso a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, aquilo que Moisés ordenou, como prova para eles".

É interessante que Jesus mostra ao leproso o quão preciso é também cumprir de alguma forma o que a lei previa, pois é preciso voltar para o sacerdote e aquele agora determinar a possibilidade de um contato com as pessoas. É assim que o leproso vai. O texto diz que ele foi, obedeceu de certa forma ao mandato de Jesus, mas não obedeceu no que diz respeito ao contar o fato, pois o leproso começou a divulgar muito o que tinha acontecido.

O leproso se tornou a imagem visível de um homem, de uma mulher, da humanidade que, curados de suas enfermidades, curados dos seus pecados em Jesus Cristo, tornam-se anunciadores desta boa notícia. O leproso é esta imagem visível de quantos que, reconhecendo que Deus pode curar, não só fisicamente, mas também espiritualmente, psicologicamente, tornando-se assim um sinal entre os seus.

É grande e sublime a missão daqueles que encontram em Jesus a cura de suas enfermidades, e por isso termina o texto afirmando que Jesus não podia mais entrar publicamente em uma cidade, ele ficava fora. Jesus ficava em lugares desertos e de toda parte vinham procurá-lo. Parece somente uma informação o que acaba de ser novamente retratado por meio do evangelho, mas é preciso reconsiderar esta imagem, pois a partir do momento em que Cristo cura este leproso, ele também carrega as enfermidades de toda a humanidade.

Pois se ao leproso foi dada a possibilidade de retornar para a cidade, de retornar para o convívio, o próprio Jesus já não estava junto a uma cidade, já não estava junto ao povo, mas era o povo quem o procurava. Pois a partir de então, Jesus começa a carregar as dores e as enfermidades de toda a humanidade, que culmina, inclusive, no momento em que toma a cruz e segue sobre o monte Calvário, ciente de que a missão culminaria no momento em que, carregando os pecados, as enfermidades do povo, proporcionaria a toda humanidade uma vida nova.

Eis a sublime missão de Cristo, inaugurada por este momento cheio de compaixão, de misericórdia, em que toma as nossas enfermidades e a nós é dada a possibilidade da cura dos nossos pecados, tantas vezes pelo sacramento da reconciliação e principalmente nos momentos em que sentimos a fraqueza, a fragilidade da vida humana, pincipalmente por uma doença física.

 Nestes momentos de tristeza, o Senhor quer devolver a alegria, a alegria que pertença a Ele, pois se Ele mesmo carregou a cruz pela humanidade, Ele continua a carregar a cada um de nós em nossas doenças e enfermidades.

Peçamos a Maria Santíssima, a bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Lourdes, que interceda pelos enfermos, pelos doentes em fase terminal, por nós em nossas enfermidades, para que nunca desistamos do caminho da salvação e sejamos, depois de curados, propagadores desta boa notícia, pois grande é a missão que o Senhor conta conosco, Ele continua a visitar tantos corações incrédulos por meio do nosso testemunho cristão. Que Nossa Senhora, nossa querida Mãe, interceda por nós especialmente neste Dia Mundial dos Enfermos.

 

 

 

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 10:30h do dia 11/02/2024. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

 

Escrito por: Pe. Mauricio