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Mateus 25,1-13

 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,1-13
 

Naquele tempo,
disse Jesus a seus discípulos esta parábola:

1 "O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo.

2 Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes.

3 As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo.

4 As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas.

5 O noivo estava demorando, e todas elas acabaram cochilando e dormindo.

6 No meio da noite, ouviu-se um grito: 'O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!'

7 Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas.

8 As imprevidentes disseram às previdentes: 'Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando'.

9 As previdentes responderam: 'De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar dos vendedores'.

10 Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou.

11 Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: 'Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!'

12 Ele, porém, respondeu: 'Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!'

13 Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora". Palavra da Salvação.


HOMILIA NO XXXII DOMINGO DO TEMPO COMUM

   Caríssimos irmãos e irmãs presentes neste Santuário, e a você que acompanha a transmissão da Santa Missa Dominical do XXX domingo do tempo comum. Estamos no final de outubro, mês missionário, no qual a Igreja por si mesma celebra essa vocação tão sublime.

   A Igreja nasceu para ser missionária, ou seja, para dar testemunho de Jesus Cristo no mundo. É com esse sentido que o texto do Evangelho de São Lucas, no capítulo 24, inspira justamente a nos colocarmos a caminho: corações ardentes, pés a caminho.

   Dessa forma, os discípulos de Emaús puderam experimentar a presença de Cristo e depois anunciá-lo, naquela verdade de fé, fundamental, do Cristo vivo e ressuscitado.

   E para compreendermos um pouco melhor esse estado permanente de missão assumido pela Igreja, compreendamos também as leituras que hoje foram proclamadas. Geralmente, a segunda leitura não tem muita conexão com os textos propriamente escolhidos para o domingo. Mas nesse dia, há uma ligação muito profunda no texto que ouvimos na primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses.

   Estamos diante de um primeiro texto do Novo Testamento, escrito por volta do ano 51 d.C. São Paulo escreveu uma carta breve à comunidade de Tessalônica, no intuito de estimulá-la no sentido de que não desanimassem diante das tribulações. A comunidade de Tessalônica, uma das primeiras da Europa, situada na Grécia, foi fundada por São Paulo. Esse missionário falou de Jesus Cristo e anunciou a palavra de Deus. São Paulo foi expulso, perseguido, mas precisava continuar a anunciar o evangelho. E mesmo em um clima de perseguição, não faltou para essa comunidade tanto estímulo quanto testemunho cristão.

   Que grande valor tem o texto que hoje ouvimos! Pois se trata de um elogio feito por São Paulo a essa comunidade. Quem dera que pudéssemos também hoje, enquanto comunidade orante, ou a nossa comunidade do Santuário, também pudesse receber um elogio de um grande Apóstolo. Porque, de fato, naquela comunidade de Tessalônica, assumiu-se a condição da palavra proclamada, ou seja, tornaram-se imitadores de Nosso Senhor, acolhendo com alegria a palavra de Deus.

   Ao acolher com alegria a palavra do Senhor, as tribulações e até mesmo as perseguições são vencidas. Além do mais, quando se assume a palavra de Deus, torna-se modelo para os outros. Certamente o modelo é porque a comunidade não guardou para si mesma a fé recebida.

   São Paulo afirma: "Vós tornastes modelo para todos os fiéis da Macedônia e da Acaia", ou seja, a comunidade de Tessalonica, ouviu o anúncio do evangelho e começou a falar de Jesus em outros lugares. Olha a Igreja missionária que continua, inclusive pelo meio do testemunho cristão.

   São Paulo,  continua, com efeito, a partir de vós, a palavra do Senhor não se divulgou apenas na Macedônia ou na Acaia, mas a vossa fé em Deus se propagou em toda a parte. Como seria providencial pensarmos se a nossa fé em Jesus Cristo tem sido propagada em todas as partes do mundo, ou nos fechamos, quem sabe, naqueles que pensam que o tesouro precisa ficar escondido.

   O que Jesus nos ensina hoje não é esconder o tesouro da fé, mas proclamar para todos os cantos. São Paulo inclusive diz que bom que essa comunidade pôde acolher o Deus único e verdadeiro e testemunhá-lo para outras comunidades. A Igreja que nasce missionária, nasce pelo testemunho do evangelho vivo, ou seja, pelo anúncio de Jesus Cristo e da maneira como Jesus viveu.

   Nesse sentido, o evangelho que acabamos de ouvir retrata o momento em que Jesus, mais uma vez, é questionado pelo grupo dos fariseus, que chegam a Jesus fazendo essa pergunta: "Mestre, qual é o maior mandamento da lei?" A pergunta não se trata apenas de uma retórica a ser assumida ou redimensionada pelo Senhor. Trata-se daquilo que é fundamental na Lei para o grupo dos judeus, dos israelitas.

   A lei, o decálogo, aqueles 10 mandamentos que Moisés recebeu, já se havia desdobrado em inúmeras normas e leis, eram 613 preceitos. Imaginem, os 10 mandamentos já  é difícil de guardar, e se insiste até não só para as crianças, mas para adultos que não sabem. E se fossem 613? Mas não nos preocupemos apenas em decorar e sim com o que Jesus fala em seguida, porque o resumo de tudo consiste principalmente no que Ele responde.

   Em primeiro lugar, o resumo de toda a lei está: "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu entendimento”. Jesus insiste naquela tarefa já assumida por um bom israelita de ter um coração voltado para Deus e repetir várias vezes ao dia: "Amo a Deus de todo coração, com toda a alma e com todo entendimento”. E basta isso? Basta, se de fato esse mandamento tiver uma segunda dimensão, diz o próprio Jesus. O maior mandamento é o primeiro, mas o segundo é muito semelhante a esse: "Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”.

   Amar ao próximo consiste justamente nessa tarefa de não só buscar a Deus, mas encontrar Deus nas pessoas. Que beleza é nossa assembleia constituída em uma diversidade e até mesmo nas diferenças que existem entre nós. Mas, como é bom sentir que, enquanto comunidade, é possível rezar juntos mesmo nas diferenças, e enquanto comunidade, posso inclusive enxergar o rosto de Deus no irmão que celebra comigo. Só se torna possível então amar o outro quando saímos de nós mesmos.

   Por isso, a fé não é só uma decisão pessoal, parte de uma decisão pessoal, mas é vivida de forma comunitária. No tempo em que vivemos, há alguns que chegam a afirmar: “Eu até acredito em Deus, mas rezo em casa." Tudo bem, a oração pessoal é muito necessária para a vida, mas nunca esqueçamos da dimensão comum. É muito bom estarmos em comunidade para rezarmos e para lembrarmos que há pessoas que caminham conosco.

   E o que distingue a cada um de nós, enquanto cristãos, deveria ser esse mandamento principal do amor a Deus e do amor ao próximo. Quem é o próximo? Na verdade, o próximo, no tempo e no livro do Êxodo, que hoje ouvimos na primeira leitura, se identifica ao estrangeiro, à viúva e até aos pobres que precisam de auxílio. Não é muito diferente do nosso tempo, porque também há aqueles que necessitam e se encontram em vulnerabilidade nesse mundo.

   É preciso abrir o coração em favor de tantos que, quem sabe, contam com a nossa ajuda. Por isso mesmo, o que é amar a Deus e amar ao próximo senão a condição de assumir uma cruz? O Cristo já assumiu essa cruz por nós, ele mesmo tomou a cruz e a levou de braços abertos, deu à humanidade a condição da salvação por meio da sua cruz. Mas a cruz, o que é, senão a condição de nos mostrar sempre a salvação em Cristo Jesus, daquele que se fez obediente até a morte e que nos ensinou a cumprir a vontade do Pai.

   Quando olhamos a verticalidade da cruz, enxergamos uma cruz plantada sobre a terra, pois estamos no mundo, mas voltada para as realidades do céu, do eterno. Mas, uma cruz para ser verdadeiramente cruz, só pode ser quando formada por uma haste horizontal, que o Cristo abraçou, e estendendo os braços pela humanidade, nos ensinou a servir também ao irmão e irmã.

   A cruz é a grande expressão e a síntese de toda a lei: amar a Deus de todo coração, com toda a alma e com todo entendimento, ou seja, com tudo aquilo que nos identifica enquanto seres humanos, e amar ao próximo como a ti mesmo, diz o Senhor. “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos”.

  Portanto, se às vezes temos dificuldades de guardar todos os mandamentos, deveríamos guardá-los no coração, principalmente nesse que é o princípio norteador de toda a lei: amor a Deus e amor ao próximo. Dessa forma, aprenderíamos a amar ao nosso Senhor, tendo a força necessária e buscando salvação.

   Cantávamos hoje no Salmo 17: "Eu vos amo, ó Senhor, sois minha força e salvação". Que seja essa a nossa realidade: eu vos amo, ó Deus, e nunca esquecerei de que o amor a ti só será realizado na medida em que o amor for a identidade entre aqueles que convivem neste mundo.

   Que assim seja a nossa vida e que abracemos também a cruz como nosso Senhor a abraçou.

 

 

Escrito por: Pe. Mauricío