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Jo 14, 7-14

7Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto.

8Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.

9Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai...

10Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras.

11Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.

12Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.

13E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.


HOMILIA NO V DOMINGO DO TEMPO PASCAL

HOMILIA NO V DOMINGO DO TEMPO PASCAL

 

            Caríssimos irmãos e irmãs presentes neste Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, e você que neste momento acompanha-nos rezando por meio da transmissão desta missa dominical do quinto domingo da Páscoa. Tomamos a partir deste domingo a temática que nos conduzirá inclusive, a percebermos a ação contínua de um Deus que nunca nos abandona. Na primeira parte do tempo Pascal é comum escutarmos os relatos bíblicos, especialmente do Evangelho que narram sobre as aparições do Cristo ressuscitado, na segunda parte que começamos hoje, ouviremos trechos que nos conduzem para um tom de despedida, que nos leva a perceber que as ações contínuas de Cristo no mundo.

            É nesse sentido que eu quero convidá-los a um acolhimento ainda maior da palavra de Deus, para compreendermos o que Jesus quis dizer hoje, ao se auto revelar como o Caminho, a Verdade e a Vida.

O trecho que faço referência encontra-se no capítulo 14 do Evangelho de São João. Neste capítulo, o início se dá diante quem sabe de situações de perturbações, medos experimentados pelos discípulos, quem sabe ainda poderíamos pensar que, em nós também habita inquietações, perturbações sobre o momento presente e sobre o futuro, ainda mais quando nos referimos a eternidade.

            É nesse sentido que Jesus volta-se para os seus discípulos e diz assim: Não se perturbe o vosso coração, tendes fé em Deus, tende fé em mim também, na casa de meu Pai há muitas moradas, Que grande afirmação feita por Jesus aos seus discípulos, justamente dando um caráter de conforto, de que no céu há espaço para todos, há uma porta aberta em Jesus Cristo, de acesso ao eterno.

No tempo de Jesus, alguns acreditavam que a eternidade, que o céu era uma morada muito pequena, e que era reservada justamente para um grupo privilegiado. Jesus quando diz na casa do meu Pai há muitas moradas, amplia a visão dos seus discípulos, dizendo inclusive, que há um espaço destinado para todos, desde que também haja uma configuração a este caminho, a partir de um processo de santificação, que se passa por uma porta que é estreita. Jesus continua inclusive explicando para os seus discípulos que, iria para o Pai, e que voltaria para levá-los.

Esse tom de despedida do capítulo 14, refere-se ao momento que antecede a paixão, morte e ressurreição do Senhor. Para nós que vivemos o tempo Pascal, é o tempo que antecede a solenidade da Ascensão do Senhor aos céus. Por isso tomamos este texto bíblico neste caráter de estarmos numa comunhão profunda com o Cristo, e sermos confortados porque Ele nunca nos abandonou, e nunca nos abandonará. Ele está presente na história e deixa inclusive sinais evidentes da sua presença. Por mais que existam tantos Felipes que como discípulos indagam o Senhor, dizendo: Senhor mostra-nos o Pai, isso nos basta.

Queremos ver o rosto do Pai, e Jesus responde: Felipe, quanto tempo estás comigo, quem me viu, viu o Pai. E é preciso acreditar que a missão de Cristo é a missão do Pai, mas entendamos ainda, e aprofundemos o texto, pois a missão do Cristo acontece pelas obras que Ele realizou, e Jesus deixa claro para os seus discípulos no final do Evangelho, dizendo o seguinte: em verdade eu vos digo, quem acredita em mim farão as obras que eu faço, portanto, aqueles que são discípulos e seguem o mestre, e tem fé em Jesus, farão as obras de Jesus. Consequentemente, diz o Senhor, fará ainda obras maiores do que estas.  

É claro que Jesus não está indicando que os discípulos seriam maiores do que o mestre, mas Ele está mostrando que é possível sim, que a realização das obras de Deus, se concretizem no mundo a medida em que muitos entendam, que caminho deve percorrer, que itinerário devem ter na vida.

            No caso aqui do grupo desses discípulos, talvez ainda o grupo não era tão numeroso, no caso dos Atos dos Apóstolos, é um texto depois da Ressurreição, onde narra-se o momento em que o grupo dos discípulos só aumentava, e o grupo era tão grande que começaram a queixar-se, pois os de origem grega queixavam-se com os de origem hebraica, por causa do atendimento dos Apóstolos, queriam claro o atendimento daqueles que foram escolhidos pelo Cristo. Ccomeçaram inclusive a se queixar porque deixavam de atendê-los, para dar assistência às viúvas, e de fato, isso aconteceu para que a igreja no início já pudesse tomar a frente, com variados carismas e ministérios, os apóstolos quando escolhidos pelo Cristo e enviados pelo mundo, tornaram-se referenciais, e hoje consistem na missão dos bispos em suas dioceses. Além do bispo que é escolhido, um Apóstolo do Senhor, também houve a escolha de presbíteros num determinado tempo, de padres, e no caso de hoje, qual foi a solução?

            Os 12 se reuniram diante da multidão dos discípulos, e disseram o seguinte: não está certo que nós deixemos a pregação da palavra de Deus para servir as mesas. É impressionante, porque tomada a consciência do que é ser Apóstolo, enviado ao mundo para que pela prática da oração e pelo anúncio da palavra Cristo seja conhecido, os apóstolos sabiam que não era possível agora, o exercício pleno da caridade, se não tivesse um ministério especifico para isso, então o que decidem?

Eles mesmos disseram: é melhor que escolhais no meio desta multidão, 7 homens com essas características, de boa fama, repletos do Espírito e de Sabedoria, e nós vamos dar esse encargo, deste modo, nós continuaremos nos dedicando a oração, e ao serviço da palavra. Interessante esta proposta narrada nos Atos dos Apóstolos, porque agradou a multidão, e eles escolheram os sete primeiros diáconos da Igreja. O ministério diaconal nasceu desta forma, e este ministério, o primeiro grau do Sacramento da ordem, continua sendo exercidos por homens, inclusive homens casados, que no exercício ministerial expressam a caridade da Igreja. Em algumas celebrações nós temos a assistência litúrgica de um diácono que serve o nosso Santuário, hoje ele encontra-se até em atualização teológica, um homem casado, com seus filhos, retirado do meio desta assembleia, e que serve na caridade, inclusive na direção do nosso Lar dos meninos de São Luís.

            Concretiza-se assim o que aconteceu no princípio da Igreja tão ministerial, e o que os Apóstolo fizeram? Rezaram por eles, oraram, impuseram as mãos sobre eles, para que assim, pudesse se configurar um novo ministério. Os gestos continuam acontecendo no decorrer da história, inclusive no nosso tempo, um bispo é ordenado, um padre, e um diácono, pela oração e pela imposição das mãos, como gestos fundamentais, de um ministério que nasce. E a partir do ministério do diácono, eu tenho certeza de que continua acontecendo o que Jesus já tinha previsto no capítulo 14, que as obras seriam maiores pelos discípulos que teriam uma adesão a Ele. Com isso, com os diáconos, presbíteros, com os bispos configura-se o ministério ordenado, o sacramento da ordem, mas não pensemos que tudo está resolvido, porque quando batizados, a nós foi dado também um sacerdócio, que chamamos sacerdócio comum, e por meio deste sacerdócio comum, cada cristão é profeta, sacerdote, e rei ou pastor. A cada um dos cristãos, a tarefa e as obras de evangelização são conferidas, inclusive, pelo batismo e confirmadas no dia do crisma.

            É neste sentido meus irmãos, que eu termino dizendo: que cada um de nós, pertencentes a Cristo, pelo sacerdócio comum, somos como que pedras fundamentais, para que Deus possa habitar, não só no nosso coração, mas em tantos corações incrédulos neste mundo

Este texto da primeira Carta de São Pedro, fala-nos inclusive disto: aproximai-vos do Senhor, e se muitas vezes somos como que pedras rejeitadas pelos homens, fomos escolhidos aos olhos de Deus como pedras vivas, e portanto, como uma pedra formem um edifício espiritual, um sacerdócio santo, para que assim, as obras do Senhor aconteçam neste mundo, e para que a construção do reino continue entre nós. E termina o texto, é bem incisivo a cada um de nós: vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do reino, a nação santa, o povo que ele conquistou, para que? Para proclamar as obras admiráveis, Daquele que vos chamou das trevas para sua luz maravilhosa.

            Portanto, meus irmãos, sintamo-nos pedras fundamentais, protagonistas deste tempo Pascal, porque fomos escolhidos por Deus, e Ele quis contar, embora soubesse que estaria contando com pedras também frágeis pelo pecado, mas mesmo assim, o Cristo quer contar conosco, para que as obras continuem sendo realizadas neste mundo. Tenho certeza que assim compreendemos o que Jesus diz: em verdade em verdade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, eu vou para o Pai, mas a missão será continuada pelos discípulos. Eis a nossa missão no tempo presente, sejamos protagonistas, anunciemos o Cristo com a nossa vida e com as obras que nos foram confiadas.

Escrito por: Pe. Maurício