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Jo 15, 1-8

1Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará;

2e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto.

3Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado.

4Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.

5Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

6Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á.

7Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito.

8Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.


HOMILIA NO V DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Ao longo deste tempo pascal estamos aprofundado a vida e o ministério de Jesus segundo a perspectiva do Evangelho de São João. Para aqueles que participaram da missa no domingo passado aqui no santuário, a qual eu presidi, devem estar lembrados que iniciávamos a reflexão falando da expressão utilizada por São João ao falar sobre Jesus, a expressão: “Eu sou”.  Várias vezes essa expressão aparece no seu evangelho. Na verdade sete vezes com um complemento, a começar no capítulo sexto quando Ele revela-se como o pão da vida, e culminando com o evangelho que acabamos de ouvir: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor”.

            Na primeira auto revelação de Jesus remete-se a nossa pertença à Igreja por meio da eucaristia, na última autorevelação novamente volta-se para esta dimensão eclesiológica, ou seja, da Igreja agora pertencente ao Cristo que é a videira verdadeira.

            Ao se revelar desta forma, Jesus está mostrando para o povo de Israel que se outrora Deus se  revelou como vinha para este povo, agora, Deus se revela plenamente Nele mesmo. Por isso Ele até usa a expressão: “Eu sou a videira ou a vinha verdadeira, e meu Pai é o agricultor”.

Nesta expressão que revela quem é Jesus e percebendo a dinâmica da Igreja nesta perspectiva do evangelho de São João, podemos neste quinto domingo da páscoa perceber que há uma insistência nas leituras que acabamos de ouvir. A insistência numa ação em que nós como seguidores de Cristo precisamos cultivar, para que desta forma sejamos uma verdadeira Igreja, ou seja, nos mantendo unidos como ramos a esta grande videira que é o Cristo.

O verbo que aparece muitas vezes é o verbo permanecer. Para aqueles que estavam atentos, mas quem não estava agora é hora de retomar um pouco a liturgia da palavra, devem ter percebido ou vão perceber agora a insistência na liturgia da palavra neste verbo. Essa expressão aparece oito vezes em oito versículos do Evangelho de São João; na primeira leitura este mesmo verbo aparece numa dimensão diferente para falar da missão de São Paulo; e ainda se complementa na segunda leitura onde três vezes o mesmo verbo aparece para falar da nossa missão enquanto cristãos.

            Tomemos o santo evangelho para percebermos a insistência nesta ação, diz o texto do evangelho: “permanecei em mim, Eu, permanecerei em vós, como o ramo não pode dar fruto por si mesmo senão permanecer na videira, assim também vós não poderão dar frutos se não permanecerdes em mim”. “Eu sou a videira e vós os ramos, aquele que permanece em mim, esse produz muitos frutos, porque sem mim nada podeis fazer, quem não permanecer em mim será lançado fora como um ramo e secará, tais ramos são recolhidos e lançados no fogo e serão queimados”, finalmente: “se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e será dado”.

            Acredito que agora todos percebem a insistência nesta ação, ou seja, é preciso permanecer diante do Cristo. Permanecer também é sinônimo de perseverar. Permanecer pode ser sinônimo de seguir o Cristo. Agora, como permanecemos diante do Senhor e buscamos essa permanência na vida?

Há vários modos de fazê-lo, estamos fazendo inclusive agora quando permanecemos no Cristo no dia consagrado a Ele. A eucaristia é um modo muito peculiar de permanecermos diante de Deus. Ainda é bom percebermos que por meio da eucaristia somos convidados a permanecer diante do Cristo numa atitude tão proveitosa para enfrentarmos as tribulações do mundo, por meio do silêncio.

            Eu acredito que permanecer diante do Senhor também nos leva a silenciar diante de tal mistério. O silêncio é uma linguagem muito utilizada e deve ser utilizada por nós se não temos essa prática, para realmente nos encontrarmos diante do Senhor e descobrirmos a riqueza que mora em nós, Daquele que habita no nosso coração.

Vejam que a própria liturgia, e essa é a catequese breve deste final de semana nos proporciona momentos de silêncio. É proveitoso sim chegarmos um pouco antes da celebração e experimentar dentro do espaço sagrado um momento de silenciar o coração, ou como nos diz na expressão de São João na segunda leitura: “sossegar o coração diante de Deus”.

            Sossegar o coração: eis uma resposta muito adequada que devemos dar para quem quer encontrar um consolo, e sossegar o coração às vezes significa silenciar. Ao longo da ação litúrgica há momentos em que somos convidados ao silêncio, o Papa Francisco insistiu numa das suas primeiras alocuções para o mundo, a respeito do modo como a própria homilia deve levar para a oração profunda e terminar com um profundo silêncio orante e profundo.

Infelizmente tantas vezes isso não acontece, mas é preciso que aprendamos a cultivar antes da celebração, durante a celebração e até quem sabe depois da comunhão aquele tempo proveitoso de silenciar, de permanecer, de estar na presença do Cristo.

            Agora, a eucaristia nos traz estes momentos e a própria Igreja também nos convida a que permaneçamos unidos àqueles que estão celebrando conosco, ou seja, unidos especialmente aos bispos.

É proveitoso tomarmos agora o texto do Atos dos Apóstolos: Saulo, escolhido pelo Senhor, fez uma experiência de encontro com o Cristo, e agora é levado a Jerusalém porque precisava permanecer com os outros discípulos. Que bela resposta de Paulo para nós que precisamos aprender a permanecer com os nossos pastores, com os nossos bispos, com aqueles que foram escolhidos. Por mais que hajam situações humanas tão presentes na história da Igreja e na história daqueles que são escolhidos como apóstolos, o sinal do cristão é permanecer unido aos apóstolos, especialmente unidos ao papa.

            O texto traz essa referência: Saulo permaneceu com eles em Jerusalém e pregava com firmeza o nome do Senhor. Se estivermos em comunhão com o Cristo, com a Igreja, temos firmeza na pregação, portanto, alargamos da eucaristia para uma pertença maior à Igreja.

Contudo, ainda não chegamos ao ponto máximo de permanecer no Senhor, chegaremos ao momento em que compreendermos a segunda leitura que acabamos de ouvir: “é preciso permanecer no Senhor amando não só com palavras e de boca, mas amando e de verdade”.

São João diz que este é o critério para saber se somos da verdade, ou seja, se estamos amando e seguindo a Cristo, é necessário estar na presença Dele, sossegar diante da sua presença. Permanecer com o Senhor significa guardar os seus mandamentos, amar a Deus e amar ao próximo.

Peçamos com muita convicção, mas também com toda humildade, que o próprio Cristo nos ajude a permanecermos diante Dele. Ele é a videira verdadeira, o Pai é o agricultor, nós somos seus ramos, e hoje, se fomos podados ou cortados, é momento de retomarmos a nossa vida para que saibamos a importância de produzirmos frutos, na Igreja e no mundo.

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 29/04/2018. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original.

Escrito por: PE. MAURICIO