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Marcos 9,38-43.45.47-48

Naquele tempo,

João disse a Jesus:
"Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome.
Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue".

Jesus disse:
"Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome
para depois falar mal de mim.

Quem não é contra nós é a nosso favor.

Em verdade eu vos digo:
quem vos der a beber um copo de água,
porque sois de Cristo,
não ficará sem receber a sua recompensa.

E, se alguém escandalizar
um destes pequeninos que creem,
melhor seria que fosse jogado no mar
com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.

Se tua mão te leva a pecar, corta-a!
É melhor entrar na Vida sem uma das mãos,
do que, tendo as duas, ir para o inferno,
para o fogo que nunca se apaga.

Se teu pé te leva a pecar, corta-o!
É melhor entrar na Vida sem um dos pés,
do que, tendo os dois, ser jogado no inferno.

Se teu olho te leva a pecar, arranca-o!
É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só,
do que, tendo os dois, ser jogado no inferno,

'onde o verme deles não morre,
e o fogo não se apaga'".

 

 


Homilia No XXVI Domingo Do Tempo Comum.

Caríssimos irmãos e irmãs! No último domingo de setembro, temos a possibilidade de realizar o rito de entrega das Sagradas Escrituras, a Bíblia Sagrada, nas mãos de nossos catequizandos, que neste ano começaram um tempo de aprofundamento da fé. A Bíblia é para nós sempre um sinal da inspiração divina que levou muitos autores a deixarem escritos tão valiosos.

Quando tomamos a Bíblia, não a consideramos somente como um livro histórico. Na verdade, é um conjunto de livros. Ao todo, são 73 livros dentro da inspiração católica: 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento. O que divide a Bíblia, de fato, está na história concreta, quando Cristo esteve entre nós. Ele não apenas marcou a história humana, mas também a nossa história, lembrando que é Ele o centro das Sagradas Escrituras.

A vocês, catequizandos, daqui a pouco será dada esta Bíblia, que vocês já têm como uso, mas, de maneira ritual, tomarão ainda mais estes ensinamentos, a partir de interpretações cada vez mais coerentes.

A Bíblia é para nós um caminho que Deus nos dá rumo à salvação eterna. Quando participamos da missa dominical, sempre ouvimos alguns trechos retirados da Sagrada Escritura. Até utilizamos um livro um pouco diferente para esta leitura, para que também haja uma forma organizada de seguir os textos escolhidos. Tomamos este livro, que chamamos de lecionário, para que entendamos que aqui estão as leituras próprias para a celebração da missa. Também este outro grande livro, e fiz questão de deixá-lo aqui para mostrar, que o chamamos de evangeliário, que entrou na procissão de entrada e contém apenas os Evangelhos, que são proclamados como leituras principais dentro da nossa liturgia.

Entendendo um pouco melhor, percebemos que tudo o que aqui é proclamado se encontra como referência nos textos que as Bíblias trazem como inspiração de Deus. Na liturgia, sempre há uma escolha, especialmente no domingo, de quatro textos. Em grandes solenidades, são quatro referências. Qual é a principal referência? O Evangelho, porque "Evangelho" significa "boa notícia", e os Evangelhos foram escritos para que compreendamos quem é Jesus para nós e qual é a missão de Jesus. Cada Evangelista pôde deixar escrito aquilo que experimentou na vida e recebeu com certeza, de Deus.

São quatro os Evangelistas. Ao longo do tempo, lemos praticamente toda a Sagrada Escritura dos Evangelhos e até repetimos ao longo de três anos textos maiores. Mas quando lemos, a cada ano há uma organização da Igreja: em um ano seguimos o Evangelho de Mateus, no outro, o Evangelho de Marcos, e no outro, o Evangelho de Lucas. Há sempre esta inspiração e em três anos temos acesso aos Evangelhos, que são parecidos, mas, de tal forma que o Evangelho de João não fica de lado; ele também é lido, especialmente ao longo do ano B, que chamamos de "ano de Marcos". O Evangelho de Marcos é o mais curto de todos. Imaginem lendo este texto ao longo dos domingos; logo termina. Por isso, São João também é lido ao longo do ano B e em grandes solenidades.

Faço todo esse preâmbulo explicativo para que agora, brevemente, não vou me alongar, possamos compreender o que a Palavra tem como direcionamento. O Evangelho de hoje narra o momento em que São João, o jovem discípulo, o mais novo dentre os discípulos, vai até Jesus e faz a seguinte consideração: "Mestre, vimos um homem que estava expulsando demônios em teu nome, mas o proibimos porque ele não nos segue." João estava preocupado porque tinha encontrado alguém que falava em nome de Jesus e realizava sinais extraordinários. O que Jesus responde? "Não o proíbam, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor".

De maneira muito sintética, o Evangelho hoje narra o momento em que Jesus quer abranger muito mais do que o grupo dos discípulos. Ele quer que os discípulos também compreendam que a ação de Deus se dá, claro, na escolha daqueles 12 que foram em primeiro lugar chamados para uma missão, mas que toda a ação de Jesus e de Deus vai para além daquele horizonte. E pode acontecer que outros também falem em nome de Jesus e façam o bem.

Na verdade, esta narrativa tem uma inspiração a ser compreendida em um texto do Antigo Testamento, do livro dos Números. Faço referência agora, portanto, a este texto de maneira muito breve: no momento em que Moisés recebe de Deus, e o próprio Deus manda o espírito sobre 70 anciãos, mostrando que a ação de Deus não é só em Moisés, o escolhido, mas também nestes 70 anciãos.

Contudo, havia dois deles, que têm nomes um pouco difíceis, que não estavam presentes no momento em que o espírito foi dado, e o espírito repousou sobre eles. Da mesma forma, eis que um jovem (muito parecido com João no evangelho), foi avisar Moisés, dizendo que Eldad e Medad, estes dois homens, estavam profetizando no acampamento, falando em nome de Deus.

Então, Josué, que depois sucede a Moisés, fala para ele: "Moisés, meu senhor, manda que estes dois homens se calem". E Moisés responde de maneira muito sábia: "Por que você tem ciúmes de mim? Deixe-os, pois, de fato, o profetismo é dado a todos. Quem dera que todo o povo fosse profeta".

Vejam que tudo isto nos prepara para compreender o que Jesus está dizendo: quem não é contra nós, é a nosso favor. Pois é precioso considerarmos o momento em que há sinais do Cristo e de salvação em outros lugares, e não só no nosso ambiente religioso, não só no nosso ambiente católico.

É claro que a inspiração toda e o Cristo formou a sua Igreja. Do seu lado aberto, encontra-se uma Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, e cremos firmemente nisso. Mas há de se considerar que a Palavra, por exemplo, é muitas vezes proclamada em outras igrejas que também são cristãs. Será que lá também não há um sinal de salvação? E se olharmos para uma realidade que vai além do cristianismo, em outros lugares, onde, por exemplo, a caridade cristã é uma grande expressão da comunidade, será que não há lá sinais também do Cristo em seu ministério de cuidado para com todos?

É isto que Jesus está dizendo. Temos um grande privilégio de sermos e de termos a presença de Cristo, mas não é uma exclusividade nossa. Alguns acham que é e até nem consideram a ideia de dialogar com outros.

Catequizandos, a Bíblia, a Sagrada Escritura, o próprio Jesus nos ensinou que é preciso dialogar. Não precisamos aceitar tudo, mas é preciso compreender a dimensão de outros que, quem sabe, professam uma fé diferente da nossa. O diálogo é muito importante. Jesus ensinou em muitas ocasiões e corrigiu o que precisava ser corrigido.

É claro que Ele também quer que todos nós estejamos unidos. Infelizmente, enquanto cristãos, estamos separados pela força, muitas vezes, da própria condição humana e de situações que não vêm ao caso agora falar das desordens que aconteceram, e já não nos encontramos em uma única fé, em uma única Igreja.

Mas é preciso rezar para que isso aconteça. É preciso insistir nas nossas orações e compreender que pode acontecer que Jesus esteja sendo anunciado em outros ambientes e lugares. Isso nos fortalece. Sabe por quê? Porque percebemos que, dentro da nossa vida eclesial temos a presença de Cristo.

E vocês, catequizandos, estão fazendo catequese dentro da Igreja Católica para compreender que a Igreja tem também princípios que mostram Jesus não só na Palavra, mas quando estamos em comunidade. Quando temos expressões de caridade entre nós e para com os outros, é a presença de Jesus. Jesus está presente também no Papa, nos bispos e nos sacerdotes, e especialmente na Eucaristia. Tudo isto é uma identidade católica. Portanto, vamos dizer de maneira muito clara: há uma plenitude da revelação de Jesus em vários sinais que acompanham a nossa vida eclesial. Pena que, às vezes, não aproveitamos os sinais evidentes do Cristo entre nós. Mas isso não nos dá exclusividade; isto nos coloca diante de uma realidade muito comprometedora.

Agora, eu vou partir para o final do Evangelho, porque é radical o que Jesus faz. Não é literal, viu, crianças e adolescentes? Não é isto que Jesus está falando quando diz para cortar a mão, cortar o pé ou arrancar o olho. A biblia não pode ser entendida nesse sentido literal, mas sim como a necessidade de modificar as nossas ações. É preciso mudar o nosso jeito de andar e os caminhos que percorremos; é preciso purificar o nosso olhar. E é isso que Jesus diz aos discípulos: é preciso mudar. E como mudamos? Pela palavra que nos é direcionada.

Para concluir, então, fazendo referência ao Salmo de hoje, que sempre é uma inspiração do Antigo Testamento, lemos, rezamos, melhor dizendo, cantamos que a lei do Senhor Deus é perfeita e que traz alegria ao coração.

De fato, há uma grande alegria em acolher a palavra de Deus, e que vocês tenham esta alegria no acolhimento e neste ritual que faremos daqui a pouco. Mas a alegria da transformação também é mencionada no texto da carta de São Tiago, a segunda leitura de hoje, um texto do Novo Testamento. É preciso modificar de forma que não fiquemos só preocupados com as riquezas materiais. Os ricos, inclusive, deverão chorar e gemer se não estiverem abertos para a caridade. Se não estiverem abertos para o dom do amor. Ai daqueles que, no pouco ou no muito, vivem somente segundo o seu orgulho neste mundo!

É preciso mudar. É preciso que tudo o que temos também seja para o nosso bem, sem nunca esquecermos de colocar algo em comum na comunidade; algo que possamos dar àqueles que precisam.

Enfim, ao concluirmos este mês de setembro, faremos agora este rito da entrega das Sagradas Escrituras, em uma inspiração que vocês, catequizandos, percorrerão ainda mais nesta caminhada, lendo, perguntando, interpretando e buscando considerações importantes junto com os catequistas e até com os pais. Não sabemos tudo o que está na Sagrada Escritura como revelação, mas podemos aprender e podemos tê-la como um sentido pleno para toda a nossa existência.

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 10:30h do dia 29/09/2024. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Mauricío