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Mateus 5,1-12a

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 5,1-12a
 

Naquele tempo,

1 vendo Jesus as multidões,  subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se,

2 e Jesus começou a ensiná-los:

3 "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

4 Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.

5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.

6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.

7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.

10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós,  por causa de mim.

12 Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus". Palavra da Salvação.


HOMILIA DA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

   Queridos irmãos e irmãs, que alegria poder celebrar, neste domingo, uma grande solenidade em honra de todos os Santos e Santas de Deus. Há uma dúplice característica neste dia: nos unimos àqueles que intercedem por nós e que hoje encontraram a plena glorificação diante de Deus, e também celebramos uma característica muito peculiar, dada a nós desde o batismo, pois cada um foi chamado a ser Santo. O itinerário de fé abraçado desde o batismo é também celebrado.

   Fazendo memória de todos os Santos e Santas de Deus, celebramos com alegria esta sublime vocação. Diante de tudo o que ouvimos da palavra de Deus, especialmente para esta assembleia convocada, tenho certeza que também dá uma referência muito explícita a vocês, catequizandos da quarta etapa.

   A quarta etapa é um momento após a primeira comunhão, em vista de uma preparação para que a fé seja confirmada. A crisma é a confirmação da fé recebida no batismo, e vocês vivem esta experiência agora por meio da catequese. Justamente entrando nesse itinerário de fé, como também já entraram, evidenciando como deve ser a vida a partir dos ensinamentos de Jesus. E, neste sentido, entregaremos hoje as bem-aventuranças a vocês.

   Contudo, para todos os convocados a esta assembleia, também terá sentido o Evangelho de hoje. O texto do capítulo quinto, segundo São Mateus, não foi escrito no sentido de querer anular os mandamentos, aqueles que aprendemos também na catequese, pois  houve um momento na história da salvação em que Deus chamou a Moisés e pediu que subisse a um monte, o monte Sinai. Lá, Moisés conversava com Deus, e Deus estabeleceu nas tábuas da lei um princípio para que o povo pudesse voltar o coração para o alto. Estabeleceu então o decálogo, os dez mandamentos, o princípio de toda a le.

   É desta forma que o evangelista também faz hoje uma menção muito importante a um novo Moisés, e claro, muito maior do que Moisés, é o próprio Jesus que sobe ao monte e, diante de uma multidão, começa a ensinar.

  " Bem-aventurados" é o que Jesus proclama, indicando para cada um o caminho, o itinerário para o céu. Novamente repito: não é um desmerecimento dos mandamentos, mas com as bem-aventuranças, encontramos em Cristo a plenitude da vivência dos mandamentos.

  É por isso que as bem-aventuranças hoje proclamadas indicam um itinerário a seguir, ou seja, daqueles que vivenciam com o coração pobre, com toda uma condição de humildade, de acolhimento da mensagem da salvação.

  O evangelho se torna vivo em cada um de nós quando seguimos as bem-aventuranças. Por isto, felizes são aqueles que seguem o itinerário que Jesus propõe. Felizes são aqueles que têm as bem-aventuranças como princípio de toda a vida. Felizes são aqueles que descobriram que o capítulo quinto do evangelho de Mateus hoje proclamado também contém a essência de toda a mensagem de Jesus.

  Alguns chegam a afirmar que se perdêssemos toda a Bíblia e encontrássemos este capítulo quinto, não perderíamos nada. Teríamos tudo, pois é como um coração que pulsa na Sagrada Escritura.

  Vejam que responsabilidade têm vocês, catequizandos. Hoje, representam também a nós, porque recebemos as bem-aventuranças intimamente no nosso coração, como uma lei que está a nos indicar o caminho para o céu.

   Alguns dos nossos antepassados vivenciaram tão bem estas bem-aventuranças que estão no grupo dos bem-aventurados, são os Santos e Santas, os quais, reverenciados, e têm um papel fundamental na Igreja.

   Na verdade, para pertencer à Igreja, podemos vivenciar numa tríplice  dimensão: pertencer à Igreja de Cristo é pertencer àquela dimensão da Igreja militante, à Igreja peregrina, quando peregrinamos no mundo. E no caso deste tempo que o Senhor nos dá como dom da vida, é para que estejamos peregrinos, rumando para a cidade celeste. Esta é uma forma de pertencer à Igreja Católica, mas também há uma outra dimensão. Celebramos, inclusive, dia 02 de novembro, fazendo memória de uma comemoração dos fiéis defuntos, que já estão nesta dimensão, mas passam por um tempo de purificação. Esta dimensão é chamada de pertença à Igreja padecente. Muitos dos nossos irmãos precisam de orações. Enfim, há uma forma de pertença à Igreja na dimensão da Igreja triunfante, os Santos e Santas de Deus que já vivem uma dimensão maior.

   Hoje proclamamos que cremos na comunhão dos Santos. O que é crer na comunhão dos Santos? É crer que nesta dimensão da Igreja triunfante, muitos dos nossos irmãos e não só aqueles que são conhecidos pela Igreja, já receberam a glória do céu, e é para o céu que caminhamos. As bem-aventuranças indicam o caminho do Céu.

   Termina, segundo Mateus as bem aventuranças com esta afirmação: "alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa do céu".

   E é para o céu que caminhamos. Pela penumbra da fé que professamos, caminhamos para a cidade eterna. Enquanto peregrinos neste mundo, é claro que queremos hoje professar a nossa fé e seguir este itinerário das bem-aventuranças, pois já fazemos parte de um grupo dos que foram assinalados pelo batismo. Um dia batizados, houve um sinal indelével. O que é indelével? Uma marca que ninguém tira. Desde então, conforme São João, somos chamados filhos de Deus. Na primeira carta de São João que ouvimos hoje, "e de fato somos". E o que é ser filhos de Deus, senão prosseguir na vida como filho de Deus?

   Seguir o itinerário de fé, inclusive na dimensão vivida por Jesus. E esta dimensão, com certeza, na marca que está no nosso coração, leva-nos a caminhar em busca da santidade.

   O Apocalipse de São João faz essa última referência bíblica, justamente falando do grupo dos assinalados. É um pouco enigmático o texto do Apocalipse, mas fala da marca dos 144 mil, doze vezes doze, doze tribos de Israel, doze apóstolos vezes inúmeras gerações, que marcados também poderão celebrar a liturgia celeste. Mas enquanto não celebramos, enquanto não chegarmos, melhor dizendo, ao céu, eis a Santa Eucaristia como uma resposta imediata de participação.

   Por isto, quero dizer a vocês, com todo carinho e o dever de Pastor e de Padre para com todos nós: não participamos da missa por obrigação, não é só para assinar a carteirinha e dizer "agora terminei o ano". Não é uma obrigação. Participar da Missa é uma necessidade da alma, é a forma de anteciparmos o que um dia teremos no céu. E como antecipamos? Justamente com esse sinal de prontidão diante da palavra proclamada no ambão, diante da Eucaristia celebrada no altar, diante de todo mistério que está envolvido na assembleia que congrega, que se une em uma única prece, diante do mistério de um presbitério preparado para nós, diante dos anjos que estão intercedendo por nós, diante dos Santos que estão ao nosso redor.

   E esta é uma dimensão de plena comunhão com a Igreja. Por isto mesmo, a Santa Eucaristia é a melhor forma de expressarmos a nossa gratidão a Deus, porque iniciamos bem a semana e assim participamos de um itinerário de fé, para que um dia façamos parte do grupo dos 144 mil, que é um número simbólico para dizer que há espaço para todos nós no céu. E desta forma, também tenhamos a nossa veste branca.

   No batismo, foi nos dada uma veste branca, sinal de pureza. Infelizmente, por causa do pecado, carregamos a mancha e muitas vezes também somos manchados pelas dimensões do pecado. Mas quando realmente buscamos um refúgio em Cristo, somos purificados. Por isso, um dos anciãos do Apocalipse de São João diz: "Quem são estes que estão com vestes brancas? Donde vieram estes?". E a resposta: Eles vieram da grande tribulação. Vieram daqueles que peregrinavam no mundo, mas foram capazes de alvejar as suas vestes no sangue do Cordeiro. É possível, claro, no mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro e agora estão no céu, estão contemplando a glória daqueles que vivenciaram neste mundo o espírito das bem-aventuranças.

   Que grande mistério hoje celebrado, uma grande comunhão com os Santos, mas também o mistério da santidade que já está na nossa vida quando abraçamos verdadeiramente o Santo Evangelho.

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 10:30h do dia 05/11/2023. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

 

Escrito por: Pe. Mauricío