Homilia na Solenidade de Todos os Santos

HOMILIA NA SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

            Caríssimos irmãos e irmãs presentes neste Santuário, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, e uma saudação muito fraterna também a todos que nos acompanham por meio desta transmissão.        A santa missa de hoje, solene, faz memória de Todos os Santos. Por uma concessão dada ao Brasil, celebramos neste dia a festa situada em primeiro de novembro.

Como estamos nas vésperas do domingo e, portanto, nesta grande solenidade em honra de Todos os Santos, é preciso que hoje percebamos este caráter da busca pela santidade como uma vocação sublime.

Quando lembramos e celebramos todos os santos e pedimos a intercessão daqueles que triunfam no céu, somos chamados, em primeiro lugar, a uma vocação, quando Deus nos concedeu por uma graça o dom do batismo, também nos deu a vocação à santidade.

            A primeira Carta de São João, trecho da segunda leitura de hoje, nos faz lembrar este grande presente, palavras da própria carta: vede que grande presente de amor o pai nos deu, de sermos chamados filhos de Deus e nós o somos. E somos porque fomos batizados. No momento em que recebemos o dom do batismo, portanto, recebemos uma filiação Divina, aquela pertença a uma família humana se torna maior neste mundo quando em nós resplandece uma pertença a Deus, uma pertença ao céu, e é esta a vocação primeira que precisamos responder.

            Depois há outros chamados, claro, a vida matrimonial para muitos que abraçam por meio deste Sacramento e, por meio deste sinal, também são convidados a se santificar; aqueles que recebem um especial chamado a um ministério ou vocação específica, também são convidados à santidade. Na vida, enquanto solteiros ou casados, comprometidos com Deus ou comprometidos por alguns sacramentos, no caso pelo sacramento do matrimônio, sempre temos algo a viver, e que na verdade, é comum a todos. O batismo é comum a todos e a santidade também, todos temos esta vocação à santidade, e não é uma um carácter especial dado para algumas pessoas.

Ao longo da vida precisamos o tempo todo nos esforçar para sermos cada dia mais santos, e ser santo não é ser perfeito. Ser santo é estar a caminho da perfeição. Nenhum dos que foram reconhecidos oficialmente pela Igreja, viveram a sua vida senão nesta trajetória de uma busca constante por Deus, marcada por tropeços, pela fragilidade humana e muitas vezes pelo pecado. Isso não desmerece a nossa caminhada diária, a nossa luta constante para que um dia alcancemos o que tanto almejamos, a santidade.

            Por isso, o esforço é nosso, e Deus nos deu a vida para que a cada dia possamos nos esforçar justamente para isso. Não para sermos perfeitos ou para estarmos somente no mundo da imperfeição, mas Deus nos deu uma vocação porque somos seres a caminho e precisamos caminhar em busca da santificação.

E que referenciais temos então para nos santificarmos? O principal referencial é a palavra de Deus, e ainda mais, a referência principal está nas bem-aventuranças. É por isso que nesse dia o evangelho é de São Mateus e acabamos de ouvir todas as bem aventuras no momento em que Jesus ensina aos seus discípulos como deve ser a caminhada daqueles que buscam um caminho de perfeição.

A caminhada dos discípulos passa pelas bem aventuranças, portanto, há uma indicativa muito segura de que aqueles que procuram viver uma pobreza em espírito, esses pertencem ao reino. Aqueles que vivem aflições também encontrarão consolo. Bem-aventurados aqueles que buscam a mansidão, que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que são perseguidos por causa da justiça, aqueles que, de fato, encontram um sentido para a vida na palavra de Deus. Ainda mais, termina as bem-aventuranças como uma forma conclusiva, de tal a dizer: alegrai-vos e exultai, porque aqueles que caminham nas bem-aventuranças terão uma grande recompensa no céu.

É essa a nossa vocação, vocação à santidade! Por isso a nossa vida precisa ser bem vivida. Estamos ainda no tempo de pandemia, esperamos que logo isso tudo passe. Sabemos também que alguns que já foram chamados, foram vítimas dessa pandemia, foram chamados para a eternidade. Não sabemos quando o Senhor nos chamará, temos exemplos concretos, às vezes na pandemia, às vezes em acidente, às vezes em situações que não estão no nosso controle, mas o importante é que a cada dia estejamos preparados.

E se o Senhor nos chama, esperamos que não nos chame prematuramente, mas quando ele nos chamar, precisamos estar com o coração bem preparado. Não sabemos o dia, nem o momento em que isso vai acontecer, e se soubéssemos a aflição seria ainda maior do que essa que muitas vezes vivemos de não saber quando chegará a hora.

Mas sabemos também que a vida bem vivida nesse mundo é transformada, e passamos de uma realidade a outra quando cremos em Cristo, Naquele que nos deu a condição de sermos chamados filhos de Deus.

Por isso, procuremos nos esforçar, mas ao mesmo tempo caminhemos a cada dia, certos de que o Senhor nos chamará e, portanto, sejamos santos, agora, hoje, não deixemos para amanhã, não esperemos a melhor idade, agora é o momento que o Senhor nos dá.

            Portanto, jovens sejam santos, crianças busquem a santidade de vida, casados sejam santos, sacerdotes sejam santos, pois é neste momento que o Senhor nos chama para vivermos com intensidade essa vocação. E se formos chamados para a outra realidade, para o reino dos céus, é assim que o Senhor quer nos encontrar, bem preparados, porque será grande a recompensa dos céus daqueles que vivem com sinais de santidade já aqui na terra.

            Que todos os santos e santas intercedam por nós, derramem infinitas graças e que assim sejamos hoje, estimulados a buscarmos a santidade de vida.

Escrito por: Pe. Maurício