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Mt 5, 13-16

13Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens.

14Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha

15nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa.

16Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.


HOMILIA DO 5° DOMINGO DO TEMPO COMUM 05/02/2017

                Estamos celebrando o quinto Domingo do Tempo Comum, e cada uma das leituras escolhidas para este domingo nos trazem uma mensagem muito especial. E à medida em que mergulhamos profundamente em cada uma delas, encontramos uma direção segura para cada um de nós, para vivermos bem neste mundo e para um dia nos encontrarmos face a face com o Senhor.

                Mas, sobretudo, não nos deixemos guiar somente pelas palavras, porque, iniciando pela carta de São Paulo aos Coríntios, ele mesmo nos diz: “Nós não deveríamos usar uma linguagem elevada, nem um prestígio da sabedoria humana”. Mas ele mesmo tornou-se e, assim é a nossa missão, nos fazermos servos de Deus e toda pregação que fazemos da Palavra, faz com que a nossa vida se torne realmente uma grande sabedoria divina. A ponto de pensar que não somos nós que direcionamos a reflexão, mas é o próprio Espírito Santo a nos conduzir. A base principal, portanto, está no poder do Espírito, na sabedoria divina, não na sabedoria dos homens, como nos indica a primeira leitura.

                E buscando esta sabedoria divina, aprofundemos o que o Evangelho nos fala. Estamos quase concluindo o quinto capítulo do Evangelho de Mateus, onde na semana passada tínhamos as Bem-Aventuranças e hoje somos convidados a ser “Sal na terra e luz no mundo”. Portanto a temática central que vivemos por meio da Liturgia encontra-se nestas duas palavras: “Sal e luz”.

                O Sal é para que tenhamos bem presente da Palavra o gosto pela vida. Não é um tema muito aprofundado na Liturgia, poucas vezes escutamos uma alusão a esta referência. Mas quando falamos em luz, há muitas referências à Luz de Deus. A começar pelo Natal, “o povo que andava nas trevas viu uma grande Luz”. Depois com a festa do dia 02 de fevereiro, a festa da Apresentação do Senhor, ali também, ao recebermos a Luz de Deus há uma evidência da luz. E a festa da Apresentação do Senhor, nos direciona para a Páscoa, concluindo o que celebramos, no tempo de Natal. Portanto, “luz do mundo” não se torna uma grande novidade e é um tema que tem aparecido muito nos últimos dias, inclusive neste Tempo Comum.

Mas para pensarmos agora numa forma bem prática do que vem a ser este convite do Senhor a sermos sal e luz no mundo, partimos para a primeira leitura de hoje.

                O profeta Isaías, já no seu tempo, era bastante prático. Ele nos ajuda a recordar um tema precioso da Igreja, um tema precioso para nós: as Obras de Misericórdia. São 7 obras de misericórdia corporais e 7 obras de misericórdia espirituais. Hoje, o convite a sermos sal na terra e luz no mundo vem por meio das obras de misericórdia corporais.

                Primeira delas: “Repartir o pão com o faminto!” O profeta já nos indicava, se realmente queremos um caminho de luz neste mundo, e queremos um caminho rumo a perfeição, nos  é dada a oportunidade de repartir o pão com aqueles que têm fome. Junto a esta obra de misericórdia, poderíamos pensar numa segunda que a Igreja nos recomenda: “Dar de beber a quem tem sede”. As duas condições, na verdade essenciais para a vida do ser humano, fundamentais para que o ser humano possa subsistir, indica-nos um caminho e uma direção que passa pelo outro. Jamais deveríamos descansar e termos um sono tranquilo, enquanto no mundo há pessoas que passam fome, enquanto há pessoas que passam sede. Há muitos lugares em que não existe água potável. Deveríamos nos preocupar. É evidente que, um copo de água oferecido a alguém ou um alimento necessário para o dia, é um caminho de luz que o Senhor nos aponta por meio destas duas grandes obras de misericórdia.

                Há uma outra que o profeta Isaías nos fala: “Acolhe em casa os pobres e peregrinos!” Como abrir nossas casas para acolher pessoas que vivem no mundo? Peregrinos neste mundo e quem sabe até na nossa frente. É um grande desafio! Por isso somos levados a também dar uma sustentação às obras de pessoas que acolhem os peregrinos.  No ano passado tivemos neste santuário a oportunidade de fazermos uma oferta para os haitianos. Esteve aqui um padre, missionário escalibriniano, que veio nos conscientizar sobre esta obra. E como foi preciosa aquela oferta dada com todo o amor e todo coração, não para nos livrarmos e darmos aos outros a possibilidade de ser caridoso, mas uma pequena oferta dada com carinho pode mudar o mundo. Mas, estamos realmente fazendo uma obra de caridade, estamos acolhendo e ajudando alguém a ter onde morar?

                Quarta obra obra de misericórdia: “Quando encontrares um nu cobre-o e não desprezes a tua carne!” Dar de vestir a quem não tem o que vestir. Vejam que são obras de misericórdia já indicadas no tempo do profeta Isaías e depois a Igreja continuou a nos indicar este caminho de perfeição.

                Quinta obra de misericórdia: “Visitar os doentes!” Há tantos, e muitas vezes até no nosso prédio, precisamos visitar, é uma obra de misericórdia.

                Sexta obra de misericórdia: “Visitar os prisioneiros!” Quem somos nós para julgar aqueles que estão na prisão. O próprio  São João Paulo II visitou aquele que um dia quase o levou deste mundo, quase o matou. E lá esteve o Papa para perdoá-lo. Mas isso é uma coisa para os santos? Não!  É algo para todos, é algo para vivermos neste mundo? Com certeza o perdão e a misericórdia, a visita a uma prisão, a um doente nos ajuda muito a valorizar o dom da vida.

                Por último a sétima obra de misericórdia está em “sepultar com dignidade os mortos”. Parece algo muito simples, não é? Mas na verdade não. Enxergamos muitas vezes situações que podem até ofender o próprio coração. Certa vez escutava uma pessoa que dizia que faleceu o marido de uma grande amiga. Então fez esse propósito, pois eram muito amigos: “vou chegar, um pouco mais tarde, por volta de 21:30h,  até a capela, e passarei  a noite com a família”. Qual foi a surpresa dele? A própria família, ao chegar por volta das dez da noite disse: “Não precisamos ficar aqui, é melhor fechar e ir para a casa e amanhã por volta das oito horas retornaremos”. Esta obra de misericórdia , o cuidado com aqueles que partiram está sendo realizado adequadamente?

                E acontece muito e, até para dar um outro exemplo, das nossas capelas mortuárias aqui ao lado, que acolhem tantas pessoas que chegam, por causa da insegurança ou medo, muitos fecham as capelas durante a noite. Nós somos possuídos pelo medo e muitas vezes temos aquele pensamento: “Mas se eu der este alimento ele vai vender, vai trocar por droga...”  “se ficar a capela aberta seremos assaltados”. Então começamos a desconfiar de todos e isso nos impede de sermos misericordiosos. Na verdade, todas estas obras de misericórdia são caminhos de luz, a nos indicar cada vez mais um caminho de perfeição.

                Mas junto às obras de misericórdia, não posso deixar de falar o que hoje o profeta Isaías nos indica: “Se nós praticarmos a misericórdia, então seremos como luz, como aurora, como o sol do meio dia, e você terá a sua frente sempre o Senhor.” Vejam o que o Senhor nos promete, quando  invocarmos Ele com confiança e praticarmos as obras de misericórdia, Ele nos diz: Eis-me aqui! E ainda mais, Ele vai nos ajudar a descobrir os problemas que nos oprimem, hábitos autoritários, diz o profeta, e até uma linguagem maldosa, tudo isso para que tenhamos um coração aberto, livre, capaz de transformar-se realmente em luz, não nos deixando dominar pelo mundo das trevas.

                Passemos para o Salmo responsorial, pois também é uma indicativa segura para este domingo. Trata-se do Salmo 111, que nos relata o seguinte: As obras de misericórdia, o jejum autêntico que praticamos transfiguram a nossa condição humana, “ele é correto, generoso e compassivo e como luz brilha nas trevas para os justos”. As obras que praticamos estão além das nossas capacidades humanas, elas realmente nos transfiguram, elas nos “divinizam”, nos fazem tomar contato com o sol do meio dia e transformar a vida de tantos que precisam.

                Concluamos esta reflexão, com o próprio evangelho que nos ajuda a pensar no modo que somos luz neste mundo e sal na terra. E assim diz o evangelista: “Brilha a vossa luz diante dos homens, para que vejam as nossas boas obras e louvem o nosso Pai que está nos Céus”. Quem dera que realmente sejamos luz neste mundo e, quando olharem para nós como cristãos possam perceber que somos cristãos autênticos. Luz que brilha neste mundo e sal que dá a vida e gosto a tantas pessoas que precisam.

                Que o Senhor nos ajude e esta Palavra de Deus seja bem direcionada aos nossos corações, a ponto de transformar a nossa própria existência. Amém!

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 05/02/2017. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício