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Jo 20, 10-23

19 Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco!

20Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.

21Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.

22Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo.

23Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.


Homilia na solenidade de Pentecostes

Queridos irmãos e irmãs aqui presentes neste Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e os que, neste momento, nos acompanham por meio desta transmissão. Chegamos à grande Solenidade de Pentecostes, exatamente 50 dias depois de celebrarmos a Páscoa neste ano.

            O termo Pentecostes indica estes 50 dias que outrora também eram celebrados, na tradição judaica, com outra conotação. Para os judeus, 50 dias depois da Páscoa, celebrava-se como uma festa de ação de graças pelas colheitas recebidas. Como a própria tradição dos judeus, 50 dias foi o tempo que o povo precisou para sair do Egito e chegar ao Monte Sinai onde Deus se manifestou a Moisés, por meio dos dez mandamentos. É assim que os judeus celebram Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, e a Páscoa celebrada por eles é esta libertação do povo de Israel da escravidão do Egito.

            Neste contexto, compreendemos um pouco melhor o que São Lucas narrou hoje nos Atos dos Apóstolos. Permitam-me lembrar do que ouvimos na perspectiva adotada neste dia: pentecostes como referência daquele momento vivido pelos judeus. Os discípulos estavam reunidos juntamente com Maria, no mesmo lugar onde aconteceu a instituição da Eucaristia, no mesmo lugar onde a Senhor apareceu no domingo de Páscoa.

Os discípulos estavam perseverando e, naquele momento, houve uma grande manifestação, comparada com a do Monte Sinai, quando Deus falava com Moisés, com terremotos, ventos e tempestades, com muito barulho e, de fato, Deus se manifestou com estes sinais e entregou a Moisés as tábuas da lei.

Por isso, também houve um grande barulho neste dia, barulho tal que levou alguns dos que estavam em Jerusalém a procurar saber onde estava acontecendo esse barulho. E assim o fizeram: foram até o Cenáculo, lá encontraram os discípulos numa grande manifestação do Espírito Santo, e os discípulos falavam, e toda aquela diversidade de povo compreendia. É o grande milagre do Espírito Santo, poder compreender o outro, e em uma língua diferente.

            É bom sabermos que, na origem, tínhamos uma única linguagem, ou seja, falávamos e todos compreendiam. Mas houve uma pretensão do homem em construir uma torre, a torre de babel, para poder chegar e se aproximar de Deus. Neste momento houve uma dispersão das línguas, e no dia de Pentecostes a dispersão das línguas é congregada justamente por esta condição do Espírito Santo, que realiza um grande milagre. Os discípulos eram todos galileus, os povos que estavam ali representados compreendiam esta linguagem, como também nós passamos a compreender a linguagem do Espírito e podemos dizer que é uma linguagem do amor, na proximidade com Cristo.

            O próprio Jesus, quando subiu para o céu pela própria força prometeu que daria o Espírito Santo. É o Espírito Santo celebrado neste dia, com a condição de unir povos diferentes. Por isso pedimos neste dia que também a nossa Igreja seja una, na diversidade de ministérios. Pertencemos a diversas culturas e povos, há diversos ministérios e carismas na Igreja, e nenhum é melhor do que o outro. Nunca podemos nos sentir mais do que o outro, pelo contrário, quanto maior a diversidade melhor compreendemos as manifestações do Espírito que congrega tudo.

            São Paulo, na Carta aos Coríntios, na segunda leitura, nos fala da diversidade de ministérios. É o Espírito Santo que congrega tudo, que desce 50 dias depois da páscoa sobre os apóstolos, e os impulsiona para a missão. É o mesmo Espírito Santo que também já tinha descido sobre os apóstolos reunidos naquele domingo de Páscoa.

No texto do evangelho de São João que ouvimos hoje está escrito que estavam os discípulos reunidos, e o Senhor aparece dizendo: recebei o Espírito Santo.  Eles receberam o Espírito Santo naquele momento. Para São João o Pentecostes, ou a vinda do Espírito Santo acontece exatamente no domingo de Páscoa. Para São João há uma antecipação de Pentecostes, naquele momento em que ele diz no seu evangelho, que Jesus entregou o seu Espírito, é o Espírito Santo.

Portanto, o Espírito está tanto presente 50 dias depois, quanto presente também no dia da páscoa, antecipadamente na cruz. É o mesmo Espírito, que desceu também sobre Jesus no momento em que Ele recebeu o batismo para iniciar a sua vida pública. É o mesmo Espírito que pairava sobre as águas no livro do Gênesis.

O Espírito é que dá a vida e precisamos clamar neste dia ao Espírito Santo, para que Ele nos dê força e, quando pedimos os sete dons do Espírito Santo, pedimos para que em nós se realize um verdadeiro Pentecostes.

É claro que temos momentos muito especiais da manifestação do Espírito, por exemplo, no dia em que fomos batizados há uma manifestação do Espírito, somos batizados em nome da Santíssima Trindade; no dia em que somos confirmados na fé, pelo batismo, neste dia também, é obra do Espírito Santo nos animar para a missão. O Espírito Santo também está presente em outros sacramentos, e até em algumas ocasiões em que, de fato, nos colocamos ainda mais na presença do Senhor.

            Por isso, precisamos pedir os dons do Espírito Santo, para fazermos boas escolhas, para termos um bom discernimento em meio a tantas situações que nos apresentam. Sem o Espírito Santo não somos nada, e o próprio Espírito nos leva e nos aproxima de Jesus.

No mistério Pascal que estamos celebrando, percebamos, do início ao fim da celebração da santa missa, como uma obra do Espírito Santo; no momento em que invocamos a Santíssima Trindade o Espírito Santo está conosco; no momento em que recebemos a benção final também o Espírito Santo, e quantas vezes durante a oração eucarística. Prestem atenção, hoje o modo como invocamos o Espírito Santo sobre as oferendas, para que sejam transformadas, e para que tenhamos o alimento necessário, Jesus Cristo que nos fortalece.

            Que a força do Espírito Santo nos anime! Não podemos desanimar diante das situações do tempo presente, pelo contrário, somos movidos pelo Espírito Santo. Que Ele nos ajude, especialmente ao derramar os sete dons, que sejamos, neste tempo presente, protagonistas da evangelização, protagonistas do Evangelho. É o que tanto a Igreja nos pede, para que saiamos pelo mundo e assim possamos testemunhar que Cristo está vivo e que somos impulsionados por este Espírito Santo.

Que Maria Santíssima, nossa mãe, neste mês de maio esteja sempre presente conosco, como esteve no dia de Pentecostes,  para experimentarmos verdadeiramente os dons do Espírito Santo.

Escrito por: Pe. Maurício