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Mt 5, 1-12a

1Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se seus discípulos aproximaram-se dele.

2Então abriu a boca e lehs ensinava, dizendo:

3"Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!

4Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!

5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!

6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!

7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!

8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!

9Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!

10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

11Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.

12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.


HOMILIA DO 4° DOMINGO DO TEMPO COMUM 29/01/2017

                 “Buscai o Senhor humildes da terra, que pondes em prática seus preceitos”. Esta frase da profecia de Sofonias nos lembra a nossa grande vocação neste mundo: buscar o Senhor e colocar em prática os seus preceitos! E o modo de colocarmos em prática todos estes mandamentos é seguir os ensinamentos pertencentes à Tradição Judaico-Cristã e, especialmente, continuar a seguir os ensinamentos que Deus colocou também no coração do povo Hebraico. Ali encontramos o modo de pertencer a Deus quando Ele estabeleceu uma aliança, a aliança com o povo de Israel. Esta aliança na verdade foi vivida por Moisés e por todo o povo por meio do seguimento dos Dez Mandamentos. Houve um momento de aliança. Moisés subiu ao monte Sinai ou Horeb, onde recebeu as tábuas da Lei, o Decálogo, voltou para o povo de Israel e começou a ensinar. Querem buscar o Senhor? Querem realmente seguir os seus ensinamentos? Sigam-no por meio dos Dez Mandamentos.

                  Tendo feito esta introdução, até mesmo com o Antigo Testamento e com a profecia de Sofonias, compreendemos o porquê  acabamos de escutar o Evangelho das Bem-Aventuranças.

                  São Mateus, ao escrever o Evangelho, escreve para o povo judeu e, estes seguiam os ensinamentos de Deus. Para ele se tornava necessário comprovar que Jesus era o Messias, comprovar que Jesus já estava vivendo no meio deles e muitos não o acolheram como Salvador. É por isso que em Mateus escutamos aquela expressão: “Assim como foi dito pelo profeta...”

                  Deste modo, como escutamos no Novo Testamento, a Palavra de Deus se cumpriu em Jesus. E Mateus escreve este Evangelho de maneira a bem partilharmos da Palavra do Novo Testamento, em consonância com o Antigo, porque o próprio Jesus nos ensinou: “Eu não vim para que a Lei agora não fosse cumprida, mas eu vim dar pleno cumprimento a Lei do Senhor”. Ao Decálogo, aos Dez Mandamentos!

                  E onde encontramos uma atualização e renovação do Decálogo? Nas Bem-Aventuranças! Se lermos as Bem-Aventuranças, estamos no capítulo quinto do Evangelho de São Mateus,  encontraremos oito ou nove Bem-Aventuranças, se desdobrarmos a última, das perseguições com as injúrias, teremos nove Bem-Aventuranças e, completa-se o grupo da décima com o momento em que o evangelista fala: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande a recompensa nos Céus”.

                  Há um Decálogo a ser seguido, mas agora com Jesus, o Evangelho se torna vivo e presente a nós por meio do seguimento das Bem-Aventuranças.  Assim, completa-se o grupo de dez para identificarmos e termos um resumo central de todos os ensinamentos de Cristo.

                  Eu tenho utilizado uma frase que li nesta semana de um homem que não era cristão de nome e de seguimento, mas vivia na verdade muitos ensinamentos cristãos. Gandhi, numa de suas frases nos diz que se um dia se perdesse toda a literatura ocidental e até se perdesse toda a Sagrada Escritura e restasse apenas o Sermão da Montanha ou o Evangelho das Bem-Aventuranças, nada se perderia. Teríamos a essência da vida do cristão nesta parte do Evangelho. É por isso que hoje estamos aprofundando as Bem Aventuranças em consonância pela busca pelo Senhor que o profeta Sofonias nos fala. Esta busca do Senhor só é vivida por aqueles que se sentem pequenos, pobres e fracos.

                 Que bela é a leitura de hoje da primeira carta aos Coríntios: “Considerai vós mesmo irmãos, como foste chamados por Deus, entre vós não há sábios da sabedoria humana e entre vós não há poderosos e nem muitos nobres”. Mas Deus escolheu aquele que o mundo considera estúpido. Aquele que o mundo muitas vezes considera não muito sábio para que assim Ele possa, escolhendo os fracos, confundir os sábios. Que bom que nos sentimos no grupo destes bem-aventurados, dos fracos, porque é assim que devemos nos sentir diante de Deus.

                 Busca o Senhor aquele que não vive as condições do mundo material; busca o Senhor aquele que vive a condição dos pobres em espírito. E assim começam as Bem-Aventuranças: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus”.  Aqui  não estamos nos referindo a uma pobreza material ou a pobreza numa condição social, mas estamos falando de uma essência de Fé,  estamos  falando de uma disposição interior que é muito maior do que o acúmulo dos bens, que é muito maior que uma pobreza material, porque pode ser que,  mesmo pobres materialmente, não tenhamos disposição interior para seguir o Cristo, para seguir o Senhor. E Sofonias nos diz: “Buscai o Senhor constantemente pelos preceitos no cumprimento dos preceitos”. Como buscamos o Senhor? Não tendo coração orgulhoso, sentindo-se pobre, sentindo-se humilde e sentindo que precisamos Dele.

                 Por isso, eis o caminho para as desolações que vivemos neste mundo. Os bens materiais nos trazem desolações, a perda muitas vezes da saúde nos traz desolação. Mas qual é o nosso refúgio? O refúgio está no Senhor, na Palavra de Deus, nas Bem-Aventuranças.

                 E, portanto, se buscamos a Deus por meio das Bem-Aventuranças, não que estejamos livres das frustrações, não que estejamos livres dos problemas, mas sabemos que por meio dos seguimentos de Cristo, encontramos solução para tudo, não para as coisas que ficarão neste mundo, mas para a Eternidade. Por isso busquemos o Senhor! E em meio às desolações, em meio às frustrações e problemas, tenhamos este único refúgio.

                 Concluindo, depois fica a lição para aprofundarmos estas Bem-Aventuranças durante a semana, nos coloquemos nas mãos de Cristo, nas mãos de Deus nosso Pai e do Espírito Santo.

                  “Aquele que se abandona em Deus e se coloca nas mãos de Deus, não se torna um fantoche de Deus e não se torna alguém aborrecido com este mundo, mas ali ele vive a sua liberdade”. Eu estou aqui me referindo a um pensamento do Papa Emérito Bento XVI, ele continua: “Somente quem confia em Deus, totalmente, encontra sua verdadeira liberdade, a grande e criativa liberdade do ser humano, do homem”. “Quem recorre a Deus não se torna menor, mas maior. Maior por quê? Porque Graças a Deus, juntamente com Ele, com Deus, ele se torna grande, o ser humano se torna divino e verdadeiramente vive a condição de SER humano”.

                  Que o Senhor nos ajude a buscá-lo sempre e a entregarmos nossa liberdade nEle, sobretudo naquilo que  confiamos ser a essência da nossa existência neste mundo.

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 10:30h do dia 29/01/2017. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício