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Jo 3, 14-21

14Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem,

15para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.

16Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

17Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

17Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de Deus.

19Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram más.

20Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

21Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.


Homilia no IV Domingo da Quaresma

HOMILIA NO IV DOMINGO DA QUARESMA

            Queridos irmãos e irmãs, especialmente todos que podem nos acompanhar pelos canais de comunicação do nosso santuário.  Estamos vivenciando o domingo laetare, o domingo da alegria, com uma cor litúrgica que nos lembra a proximidade da celebração da Páscoa. É preciso nos preparar para que celebremos bem este momento em que Cristo venceu a morte e ressuscitou por todos nós.

            Quero convidá-los a que possamos, por meio da palavra que nos foi proclamada, encontrar um sentido para o momento presente que estamos vivendo no mundo inteiro, no Brasil, especialmente aqui em Curitiba.

Quando ouvimos os textos que nos foram preparados pela Igreja, poderíamos pensar a respeito das infidelidades do povo e das nossas infidelidades. Embora, muitas vezes, tenhamos tropeçado no caminho da salvação, Deus nos dá sempre uma nova possibilidade, Ele age com misericórdia. Ele age com a graça do perdão. E nesta graça do perdão que somos convidados a experimentar, que encontramos a fonte da alegria.

            Para entendermos o que é este domingo da alegria, compreendamos um pouco melhor os textos que nos falam das infidelidades, hora do povo de Israel, ora também dos discípulos de Jesus.

A leitura do Segundo livro das Crônicas, o texto da primeira leitura de hoje relata a respeito das infidelidades que o povo de Israel teve para com Deus e o modo como ele foi retirado da sua terra e exilado na Babilônia. É claro que poderíamos pensar: será que Deus castiga o seu povo? Ou por que será que Deus não age em meio a tantas situações sombrias do nosso tempo presente? E na época em que o povo de Israel foi exilado para a Babilônia, havia também este questionamento, por que muitos não tinham sido fieis, no caminho que Deus havia prescrito. O que acontece em meio a essas infidelidades?

Há inclusive a profanação do templo de Jerusalém, a destruição de Jerusalém. E este povo precisou sair ou foi forçado a deixar a sua terra e ficar por um tempo exilado. Interessante pensarmos neste texto e ao trazermos para nossa realidade pensarmos também que o templo destruído ou a cidade destruída não pode ser a ocasião de um afastamento total de Deus.

Mas o que acontece diante daquele povo? Deus continua a enviar ou a suscitar no coração deste povo de Israel a possibilidade de voltar à fidelidade. Não foi a destruição do templo e nem da cidade de Jerusalém, muito menos o exílio da Babilônia que impediram que Deus pudesse agir no coração deste povo.

Para nós não será o fato de não estarmos presentes fisicamente num templo construído com a finalidade de louvarmos a Deus, e muito menos de um isolamento social, que impedirão de nos aproximarmos de Deus. Embora sejamos duros, infiéis e, muitas vezes, chegamos a nos perguntar por que nos encontramos ou porque precisamos de um isolamento ou até de um exílio!

O exilio durou muito mais tempo do que o isolamento que somos convidados a fazer. Por que Deus não se manifesta diante dessas situações? Pois bem, Deus se manifesta, como se manifestou junto ao povo escolhido. Ele suscita no coração deste povo a reconciliação, o dom da misericórdia, porque se houve infidelidades deste povo, também há a possibilidade da misericórdia. Deus suscita um rei que nem pertence ao povo de Israel, e com o famoso edito de Ciro, o rei da Pérsia, ao final da primeira leitura de hoje, há a possibilidade deste povo escolhido voltar para sua terra, Jerusalém. Ele, por meio deste edito, possibilita a construção de um novo templo e ajuda para que esse povo possa se estabelecer na sua terra.

            Estejamos atentos, os sinais de vida também acontecem em meio às trevas, em meio aos exílios e, muitas vezes, esses sinais vem por lugares ou por pessoas inesperadas. Não nos deixemos abater, por que o povo de Israel foi aquele povo que experimentou o dom do perdão e da misericórdia. Experimentamos este dom, desde o momento em que reconhecemos que Deus é rico em misericórdia.

Na Carta de São Paulo aos Efésios, se Deus é rico em misericórdia, se Deus nos amou tanto Ele nos dá a graça de sermos salvos. Este texto, foi escrito por São Paulo aos discípulos de Jesus, para que compreendessem que era por meio desta adesão de fé a Cristo que eles seriam salvos.

Hoje, somos discípulos de Cristo, e a nós é dada essa possibilidade de também encontrarmos a graça da salvação em Jesus, porque é pela graça que somos salvos. O próprio Cristo nos dá a razão de termos a certeza de que é mediante a fé que experimentamos este dom da salvação.

            Não tenhamos receio ou medo de enfrentar as tribulações do tempo presente, porque mediante a fé, o encontro com Cristo ressuscitado encontramos a salvação. E é esta a razão da nossa esperança, que não vem por aquilo que fazemos, não vem das obras que realizamos, para que ninguém se orgulhe, vem especialmente porque Deus tem misericórdia para conosco.

Seria muito importante, quem sabe, meditar ao longo desta semana o Salmo 136 que hoje cantamos. Um salmo composto no tempo em que o povo estava exilado, o povo de Israel, na Babilônia: “junto aos rios da Babilônia sentávamos chorando com saudade de Sião”. Quantas vezes, isolados, exilados, choramos com saudade de uma comunidade, com saudades da Igreja que se faz presente, mas Deus provê outros tempos para esse povo, e a nós também será dada essa possibilidade.

            Mas, não esqueçamos Deus, “se de ti Jerusalém algum dia eu me esquecer, que resseque a minha mão, que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti não me lembrar”. É impressionante como somos convidados, neste tempo presente, a não esquecermos Deus. Que triste é a história daqueles que esquecem Deus neste tempo de pandemia. Que triste é a história de um isolamento social que leva para o isolamento total, daqueles que não buscam na fé o consolo e o conforto. É triste a história daqueles que não se encontram com Jesus Cristo.

            Um homem que se encontrou com Jesus foi Nicodemos. Chegamos à conclusão com o evangelho de hoje: um homem que precisou procurar o Senhor à noite. Quem sabe para não ser reconhecido, por que precisava se encontrar com aquele que era fonte de vida.

O Senhor nos dá a possibilidade de um encontro com Ele nas noites escuras da fé, nos tempos de tribulação, nos tempos de isolamento e de exílio, assim como deu a Nicodemos. Prestemos atenção, há uma conversa de Jesus com Nicodemos, como Jesus dialoga conosco. Por meio da nossa oração pessoal somos convidados a uma adesão de fé, por meio do encontro pessoal com Jesus Cristo, também em um encontro comunitário, por que a comunidade é a presença do Cristo ressuscitado. Mas, se não há uma presença física da comunidade, somos convidados a participar e intensificar nosso encontro pessoal com Jesus.

            Pensemos um pouco, quanto podemos rezar mais nesta semana ou nestes dias próximos para nos prepararmos para a Páscoa?  Pensemos no encontro que o Senhor nos dá, como possibilidade de um encontro não intimista, mas íntimos com Ele, para que, como  Nicodemos, também possamos acolher aquilo que Jesus já previu para ele e concretizou para nós.

O que Jesus dialoga com Nicodemos?  Usando o texto do livro de Números diz: houve um tempo das serpentes venenosas, que surgiram dentro da caminhada do povo de Israel na saída do Egito. Serpentes que levavam à morte, mas Deus suscitou a Moisés a possibilidade de levantar uma serpente de bronze, quando alguém era picado por uma serpente e olhava para aquela serpente de bronze encontrava a cura.

Então Jesus está fazendo uma alusão e antecipação da cruz para Nicodemos, para nós também. Está dizendo: um dia o filho do Homem será levantado, para que todos que Nele creiam tenham a vida eterna.

            Em síntese, temos diante de nós o mistério concretizado na cruz de Cristo, e eis a fonte da nossa alegria. Fonte do que podemos experimentar como a misericórdia de Deus. Somos infiéis, fracos, duvidamos de Deus, mas embora sejamos um povo de cabeça dura, o Senhor nos dá o dom da misericórdia. Ele nos dá a certeza, quem Nele crê tem a vida eterna. Ele nos dá a certeza que no meio das trevas existe luz.  E quem pratica a luz é um grande profeta no tempo presente, quem praticar o mal, fará o contrário.  

Vamos agir conforme a verdade. Aproximemo-nos da luz! Estamos em um belo domingo e neste santuário brilha o sol como fonte a nos inspirar que podemos nos aproximar de Deus.  Aproximarmos da sua cruz gloriosa, pois é ali que encontraremos a fonte da nossa alegria.

Concluamos dizendo o seguinte: se não temos a possibilidade e se nos é impedida a condição, muitas vezes, da participação presencial da missa, da confissão que tantos desejam, façamos nesta semana um verdadeiro exame de consciência.  Conforme o que o Papa indicou no ano passado, em tempos de pandemia é muito válido aquele momento em que nos encontramos diante de Deus, fazemos um bom exame de consciência, e pedimos perdão pelos nossos pecados, e Ele nos perdoa. E nos comprometemos que na primeira possibilidade iremos buscar a confissão pessoal.

Passamos um ano de pandemia e tivemos a oportunidade de confessar neste tempo, por que não procuramos no momento que era possível? Mas não fiquemos nas infidelidades, e sim nas possibilidades que Deus nos dá.  E Ele nos dá a possibilidade, nesta semana, de um bom exame de consciência, de um pedido de perdão diretamente com Deus, e de um comprometimento: quando tiver a oportunidade procurarei um sacerdote para a confissão, e também experimentarei ainda mais o que é o dom da Misericórdia. Assim seja.

 

Escrito por: Pe. Maurício