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Mt 5,1-12

1Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele.

2Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:

3Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus!

4Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!

5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!

6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!

7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!

8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus!

9Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!

10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

11Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim.

12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.


Homilia na Solenidade de Todos os Santos

 

Irmãos e irmãs aqui presentes e todos os que nos acompanham por meio dessa transmissão. É sempre uma alegria participarmos da santa missa, ainda mais em um dia tão solene em que celebramos todos os santos. Neste dia, primeiro de novembro, abrimos tudo que celebraremos ao longo do período final do nosso tempo da liturgia.

Hoje, somos convidados a refletir sobre um artigo da nossa profissão de fé, no qual professamos dizendo que cremos na comunhão dos Santos. Este artigo de fé está no símbolo que conhecemos ou creio dos Apóstolos.

É importante uma breve catequese sobre os símbolos que nos acompanham, em toda a história da Igreja. Hoje, teremos a oportunidade, daqui a pouco, de entregar o símbolo da Fé, o Creio, aos nossos catequizandos da terceira etapa. Que se Deus nos permitir, ano que vem, estarão participando da primeira comunhão.

A profissão de fé sempre feita no domingo ou nas solenidades indica um estado de prontidão e de certeza daquilo que cremos. Na Igreja Católica há duas profissões de fé ou dois creio. O mais antigo é o que chamamos a profissão de fé com o símbolo dos Apóstolos. O próprio termo já nos diz, remete-nos a uma tradição Apostólica, aos primeiros que seguiram o Senhor. O outro símbolo que faremos hoje é o símbolo niceno-constantinopolitano, essa profissão de fé é mais detalhada e contém toda verdade de fé que está no símbolo dos Apóstolos.

De forma detalhada, podemos sim, termos a certeza do que estamos professando. Por que é chamado niceno-constantinopolitano? Porque na Igreja há sempre a história da formação da Fé por meio de concílios, e estamos atualmente sob a ótica do último Concílio ecumênico, o Concílio Vaticano II. Já foram realizados, na história da igreja nesses mais de 2.000 anos, 21 concílios, um deles aconteceu em Nicéia no ano de 325, e outro aconteceu em Constantinopla no ano de 381. Nesses dois concílios realizados foram delineadas todas as verdades de fé. Nicéia e Constantinopla, são atualmente cidades da Turquia chamadas Iznik e Istambul, respectivamente.

Assim quando falamos do símbolo da Fé, lembramos justamente aquele momento em que a Igreja oferece todos os domingos para professarmos a fé e devemos fazer com toda convicção da alma.  É interessante porque cada vez que participamos da missa no domingo professamos a fé, no dia da vigília Pascal com velas acesas, professamos a fé, quando somos padrinhos no batizado, primeira comunhão ou Crisma, fazemos a profissão de fé.

E por que fazemos isso? Porque precisamos falar com toda convicção em tudo que cremos, inclusive crer na Igreja Católica Apostólica Romana. Esses dias atrás me deparei com uma pessoa, e não tenho nada contra as outras religiões, cada um que encontre o seu caminho, mas queria ser madrinha sendo luterana. Eu disse: mas como é que você vai ser madrinha em um batizado de criança e, ainda mais, no momento em que perguntar: você crê na Igreja Católica Apostólica Romana? Você vai dizer que crê e não crê, porque pertence à outra igreja, então não é possível.

 Você pode acompanhar seu sobrinho ou afilhado numa consagração especial, mas para ser padrinho de batismo preciso de pelo menos um padrinho católico, e que professe a fé.  Ah, mas o senhor é contra o ecumenismo! Não sou contra o ecumenismo, de jeito nenhum, precisamos dialogar com todas as religiões, mas precisamos ter a certeza do que cremos, senão caímos em muitos erros, que já foram corrigidos pela Igreja ao longo da história.

Mas, voltemos àquele momento em que dizemos, no símbolo dos Apóstolos, creio na comunhão dos santos. Vocês já pararam para pensar o que estão dizendo neste momento? Na verdade, dizemos que cremos na comunhão dos santos que já estão no céu, aqueles que triunfam e intercedem por nós, os canonizados pela Igreja e aqueles que ainda não foram canonizados, mas que também já encontraram a salvação.

Os que encontramos hoje, na segunda leitura, esses além de serem filhos de Deus já encontraram uma grande manifestação conforme o Cristo prometeu. Ele nos prometeu isso, é um grande presente sermos filhos de Deus, mas o maior presente será quando se manifestar em nós a glória da salvação.

E essa glória já está experimentada por muitos que nos antecederam e do céu intercedem por nós. Todos os dias do ano temos a possibilidade de celebrar com um ou mais santos, hoje celebramos com todos, quem sabe até lembrando alguns que conviveram conosco em nossas comunidades. Celebramos a Jerusalém Celeste, imagem tão bonita hoje do Apocalipse de São João quando foram marcados 144 mil, que na Jerusalém celeste estão glorificando o cordeiro. É impressionante a imagem que nos vem da primeira leitura, daqueles que foram revestidos de imortalidade, encontraram a salvação.  Imagem daqueles que tem uma veste branca, daqueles que têm a palma da mão, prostrados diante do trono, adorando Deus vivo e verdadeiro, e repetindo com várias formas o amém, para reconhecer que estão na presença de Deus.

 E, de repente alguém pergunta: e estes de roupas brancas, de onde vieram? E a resposta é essa: tu é que sabes, meu Senhor. E o próprio Apocalipse de São João revela o seguinte: de onde vieram estes Santos? Vieram da grande tribulação. Irmãos, neste mundo, por mais que vivamos grandes tribulações temos um endereço certo que é a eternidade. E quando há esse conhecimento, o próprio livro do Apocalipse diz o seguinte: estes lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do cordeiro. Mas como que o sangue pode purificar? Só o sangue do Cristo nos purifica, e é esse o sentido de estarmos celebrando com aqueles que triunfam no céu.

É uma comunhão plena, quando estamos em comunhão com os santos, mas também rezando com aqueles que estão aqui na terra, a Igreja militante. Podemos chamar assim a Igreja à qual pertencemos no momento atual.

Vale a pena sabermos que existem três dimensões de pertença à Igreja. A Igreja militante, peregrina neste mundo, a qual todos pertencemos agora; a Igreja padecente, nossos entes queridos que já morreram e ainda não encontraram totalmente a salvação, e contam com as nossas orações; e a Igreja triunfante dos Santos, celebrada neste dia.

No caso da Igreja peregrina neste mundo, ou a Igreja militante,  temos uma expressão de comunhão e dizemos: eu creio na comunhão dos santos, porque nesse mundo podemos caminhar rumo à santidade. Creio na comunhão dos santos que buscam por meio da fé, da esperança e da caridade um caminho de santificação.

Mas, como podemos ser santos ou buscar um caminho de santificação? A melhor maneira é viver o espírito das bem-aventuranças, e o evangelho de hoje nos ajuda muito, pois Jesus diz assim: bem aventurados são os pobres em espírito, bem-aventurados os aflitos, os perseguidos, os que tem fome, os misericordiosos...

As várias bem-aventuranças elencadas por Jesus mostram um caminho de santificação. Se realmente quisermos experimentar o dom de um processo de mudança de vida e de conversão precisamos viver o espírito das bem-aventuranças, para também um dia sermos Santos. A todos é dada essa vocação, pelo batismo já somos filhos de Deus, pelo processo de santificação encontraremos Deus face a face.

Por isso, meus irmãos e minhas irmãs, catequizandos que nos acompanham, que daqui a pouco vão professar a fé, nosso processo de santificação é contínuo e precisamos realmente fazê-lo.

Santa Tereza de Calcutá deixou uma frase que pode nos ajudar no final desta reflexão, dizendo o seguinte: que a santidade não é um luxo de poucas pessoas, mas é um simples dever, tanto para mim, quanto para ti.

Neste sentido, o Papa Francisco nos deixou uma Exortação Apostólica belíssima. Um bom cristão deveria ler esta exortação apostólica sobre a santidade nos tempos atuais, a chamada Gaudete et Exsultate, alegria e exultação. Leiam, e se não quiserem ler tudo, basta procurar no Google essa exortação sobre a santidade, encontrando o número 14 que diz o seguinte:

“Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”.

O Papa está convidando para que todos vivam o processo de santificação, religiosos, religiosas, pais e mães, pessoas que estão no mundo, em um convite para viver esse projeto.

Que Deus nos inspire cada vez mais neste processo de santificação!

 

Escrito por: Pe. Maurício