SANTUÁRIO O PÁROCO PASTORAIS E MOVIMENTOS CAPELA IMC. CONCEIÇÃO LAR SÃO LUIZ NOTÍCIAS


Lc 2, 1-14

1Naqueles tempos apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra.

2Este recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria.

3Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade.

4Também José subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,

5para se alistar com a sua esposa Maria, que estava grávida.

6Estando eles ali, completaram-se os dias dela.

7E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.

8Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite.

9Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor.

10O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo:

11hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.

12Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.

13E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia:

14Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina).


HOMILIA DA NOITE DE NATAL DE JESUS 24/12/2016

                Quando nós aprofundamos um pouco melhor o Evangelho de Lucas, encontramos uma expressão muito forte na Liturgia: a expressão “HOJE”. Várias vezes aparecem neste evangelho, mas em quatro ocasiões, elas tornam para nós a visibilidade de Deus de uma maneira toda especial, do modo como Deus quis nos tratar, a nós seres humanos que precisamos tanto da sua misericórdia.

                 A primeira vez que escutamos significativamente esta expressão, encontra-se no Evangelho que acabou de ser proclamado. “HOJE, nasceu para nós o Salvador, que é o Cristo Senhor”. Escutaremos no Evangelho de Lucas uma segunda vez de forma significativa, quando o próprio Jesus é apresentado no templo e escutou esta expressão: “HOJE, se cumpriu esta passagem da escritura que acabastes de ouvir”. A terceira vez aparece no momento em que Jesus vai à casa de Zaqueu e escuta estas palavras: “HOJE, a Salvação entrou nesta casa”. E por último de maneira significativa do lado da Cruz do Senhor, Ele mesmo diz para o ladrão arrependido: “Ainda HOJE, estarás comigo no paraíso”.

                Se percorrermos estes quatro momentos do Evangelho de Lucas, encontraremos de uma maneira muito significativa, o porquê Jesus realmente trouxe para nós a Salvação – na Sua Encarnação; no mistério daquele que veio pelos profetas; no mistério daquele que é a fonte da misericórdia (seja em Zaqueu, seja no perdão dado àquele ladrão arrependido) – mas como compreendermos esta expressão à partir da celebração do Natal de nosso Senhor?

                Nós entenderemos quando tomarmos alguns exemplos para nós, exemplos do modo como o Senhor se faz presente na nossa história. Todas as vezes que escutamos esta expressão “HOJE”, é o que está acontecendo neste momento, portanto, o Senhor como dono da história, está presente conosco, nasceu por nós e hoje quer nascer no nosso coração.

                Por isso que, já escutamos algumas vezes esta expressão e escutaremos outras vezes, especialmente nesta noite de Natal. E nas palavras de São Leão Magno, numa homilia do século V, somos convidados a refletir as seguintes palavras:

                Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos meus irmãos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que veio ao mundo, para dissipar-nos da morte, uma vida que veio ao mundo para dissipar-nos do pecado. Não pode haver alegria no dia em que nós realmente encontramos agora a promessa da eternidade e, ninguém está excluído desta felicidade (palavras de São Leão Magno).

                A causa da alegria é comum para todos, porque o nosso Senhor, venceu o pecado e a morte, e já nos tendo levado a viver esta libertação, Ele nos ajuda a sairmos do pecado, a sairmos das trevas, por isso, exulte o justo no dia de hoje, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador nesta noite, porque hoje lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque ele é chamado à vida.

                Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos (tão belamente cantados hoje nas Kalendas de Natal), marcados na história, história da nossa humanidade, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliar o ser humano com seu criador, de modo que o demônio já não pode ser o princípio do mundo. O demônio autor do pecado, foi vencido por Jesus, da mesma forma como certa vez a natureza humana fora vencida pelo pecado, HOJE o Senhor venceu o pecado por Sua vida.

                 Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e na expressão antiga dizia-se: “Paz na terra aos homens de boa vontade”. Na reforma Litúrgica nós cantamos: “Paz na terra aos homens por Ele amados”. Quer dizer que não são os de boa vontade, mas são todos, mesmo aqueles que não tem boa vontade o Senhor ama. “Glória a Deus nas alturas, paz na terra aos homens por Ele amados”. Eles veem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não devem alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam? O que resta para nós seres humanos, também é nos alegrarmos.

                 Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, o Senhor compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos por causa das nossas faltas, ele nos deu a vida em Cristo (Ef 2,5), para que fôssemos nele uma nova criatura. Para que fôssemos em Jesus, criaturas saídas de suas mãos.

                  Despojemo-nos nesta noite, do velho homem com seus atos e, tenhamos aqui a presença do homem novo, redimido por Jesus.

                  E para concluir. Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te cristão, tu és cabeça e és corpo, tu és cabeça e corpo igualmente. Recorda-te que, um dia você foi libertado das trevas e levado ao Reino de Deus.

                  Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o preço de tua salvação é o sangue do Cordeiro Imaculado.

                  Concluímos então, nesta lembrança memorial da nossa salvação. O Cristo nasceu por nós, alegremo-nos; o Cristo padeceu a morte por nós, estejamos unidos na sua paixão; o Cristo ressuscitou por nós, unamo-nos com alegria. Ele está presente conosco e nos impulsiona para a Missão.

                   Que o Senhor nos ajude, e neste tempo do Natal tenhamos bem presente, a Palavra que se fez carne e veio habitar no meio de nós.

 

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 24/12/2016. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original

Escrito por: Pe. Maurício