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Lc 12,13-21

DDD


SOLENIDADE DA EPIFANIA

A beleza da liturgia deste domingo já está bem expressada na riqueza dos grandes sinais que a acompanham. Estamos no dia em que dizemos ser muito especial por tratar-se da epifania do senhor. 

O termo epifania é de origem grega e significa manifestação. Deus que se reveste da fragilidade de uma criança e vem habitar o nosso meio, mas não somente para um povo escolhido, como muitas vezes escutamos na história do povo de Israel. A solenidade de hoje é uma expressão ou um modo de constar a universalidade da salvação, ou seja, Cristo traz a salvação para o mundo inteiro, inclusive para os pagãos. A eles é dada também a oportunidade de se encontrarem com o Cristo, vivo e ressuscitado, pois o mistério do seu natal só tem sentido quando já vislumbramos a sua páscoa, ou modo como Deus escolheu vencer a morte, o pecado, as trevas e ser luz. Por isso, uma imagem que pode nos acompanhar hoje nesta epifania do senhor, é a imagem de luz.

A luz em oposição às trevas, essa luz que encontramos como uma estrela que guiou os magos. Essa mesma luz que está no convite do profeta Isaías para que o povo de Jerusalém pudesse acender uma luz. Quando o profeta Isaías escreveu o texto estavam em um período pós-exílio da Babilônia, período em que os judeus ficaram exilados na Babilônia e depois voltaram para Jerusalém. Chegando à cidade precisavam reconstruir tudo, estavam até com pouca esperança desta reconstrução. Assim o profeta diz: “levanta-te, acenda as luzes Jerusalém, por que já chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do senhor”.

O tema da luz desenvolvido pelo profeta Isaías já se tratava de uma condição de vislumbrar a luz do natal, a luz do nascimento do senhor.  Luz esta que os próprios pagãos são convidados a acolher no seu coração. Diz a carta de São Paulo aos Efésios: “aos pagãos é dada na mesma direção, eles são admitidos na mesma herança da salvação, por meio do santo evangelho e do seguimento a Jesus Cristo”.

E outra imagem que os próprios pagãos poderão encontrar refúgio em Cristo, encontramos no evangelho de Mateus, um evangelho bem conhecido. Só Mateus narrou este modo de compreensão ou o modo como os magos do oriente foram até Jesus. Magos do oriente na tradição bíblica, como percebem não falamos de reis, depois na tradição atribuímos à imagem de reis magos, talvez por que ofereceram presentes. Sim, somente os reis faziam isso na época, mas trata-se de compreender que os magos também são convidados a acolher a imagem do menino Deus.

Independente da tradição bíblica, ou da tradição simplesmente, magos do oriente ou reis magos, são convidados a aderir a Jesus Cristo, e foram guiados por uma estrela, em primeiro lugar chegando a Jerusalém. O texto de Mateus é bem preciso, o autor escreve dizendo que era o tempo do rei Herodes, para mostrar e para comprovar que Jesus não é um mito, mas nasceu dentro de um tempo histórico, na cidade de Belém na Judeia, no tempo do rei Herodes. E alguns magos foram até Jerusalém, pois achavam que era lá que tinha nascido o menino.

Estes magos do oriente, alguns dizem que eram astrólogos, sabiam também da condição do tempo, guiavam-se por estrelas. Quando uma nova estrela surgiu, e na interpretação desses magos, a estrela indicava que nasceu o salvador da humanidade, vão até Herodes e perguntam: “onde está o rei dos judeus que acabou de nascer? Vimos a sua estrela, e viemos adorá-lo”. Mesmo não sabendo e não crendo na imagem de Deus que viria na história, já tem em seu coração algo que os leva a uma identificação com o Cristo: “viemos para adorar o senhor”.

É claro que essa notícia causou perturbação para o rei Herodes, achava que o seu reino corria grande risco, então reuniu os sacerdotes, aqueles que entendiam da vinda do salvador, e perguntou: “onde deveria nascer o messias?”, respondem acertadamente que em Belém, como os profetas já haviam predito. Então Herodes os chama em segredo, quer dizer, não com o coração aberto, procura saber tudo o que tinha acontecido, e manda-os a Belém, para que possam ter informações exatas sobre o menino e depois pudessem avisá-lo.

Assim que ouviram o rei Herodes os magos partiram. É interessante notar que dentro da tradição bíblica também não se fala quantos eram esses reis, a tradição histórica nos faz lembrar que podem ser realmente três reis.  Há um belo filme, que vi ontem à noite, e que vale a pena assistir, embora as imagens não sejam tão boas, mas as falas, os diálogos que ali acontecem são preciosos. O filme chamado “O quarto sábio”, é uma bela história: esse quarto sábio, mostra a indicação de que existia outro mago, que também entendia de astrologia, e que procurou ver o senhor. E dá para compreender bem o que realmente levou esses magos a encontrar com o senhor. A própria tradição bíblica não traz o nome desses magos, atribuímos três nomes, na tradição, Gaspar, Melquior e Baltazar. Quando chegaram diante do menino Deus, sentiram a alegria de ver a estrela, e depois de se ajoelharem, adoraram o senhor. Ofereceram presentes, ouro, incenso e mira e supõe-se que cada presente foi dado por um, por isso a imagem é composta de três magos que ali estiveram.

E porque ofereceram esses três presentes? É como a oferta de um coração aberto, oferta daqueles que agora passam a crer que Jesus é o salvador. O ouro é o simbolismo do rei, então estão diante do rei; o incenso é o simbolismo de Deus, oferece-se o incenso para o altíssimo, então é o simbolismo de que estão diante do Cristo que é divino; e a mirra expressa também o cuidado para com o corpo.  A mirra é um bálsamo utilizado para o cuidado dos mortos, em vista da ressurreição. Então se oferece a mirra, ao menino Deus em vista do cuidado para com o seu corpo, que ressuscitaria. É um simbolismo muito bonito, de fato o ouro, o incenso e a mirra trazem a expressão do que é o menino Deus.

Mas há outras interpretações: quando falamos que entregamos ouro, ou entregamos ouro para alguém, entregamos aquilo que temos, ou o que de melhor temos, no caso dos magos é ouro. Para nós, quem sabe, sejam outras condições de entrega, mas entregamos aquilo que temos. O incenso, entregamos aquilo que na verdade um dia desejamos ser, queremos um dia também nos divinizar, ou mudarmos nossa condição humana para santificados nos encontrarmos com Deus. Entregamos então o que temos, entregamos aquilo que desejamos, e quando falamos da mirra entregamos aquilo que s somos, ou seja, somos um corpo perecível.  Pode ser que também soframos a consumação da própria carne, mas o espírito permanecerá, então a mirra está com um simbolismo do cuidado, do que de fato somos: cidadãos do céu, e é para lá que caminhamos.

Completamos fazendo uma referência agora a uma das belas orações que são muito preciosas, enquanto são rezadas ao longo deste dia, de toda a santa missa. Na oração do pós-oferenda, ou sobre as oferendas, há uma prece que diz o seguinte: “hoje não mais como igreja oferecemos ouro, incenso e mirra, mas oferecemos o próprio Cristo imolado e ressuscitado por todos nós”.

Hoje precisamos oferecer o que de melhor temos, para que ao longo do ano tudo seja transformado, tudo seja realmente vivido, não de acordo com a nossa vontade, mas a vontade daquele que nos criou, daquele que nos salvou em Cristo, daquele que nos santifica pelo Espírito Santo.

Que o senhor nos ajude, que esta festa da epifania do senhor seja realmente o grande sentido de manifestação ao nosso coração. Abramos o coração para o Cristo que nasceu, tenho certeza que nosso ano de 2020 será bem diferente, se estiver alicerçado neste encontro pessoal com o Cristo vivo e ressuscitado.

Escrito por: PE. MAURÍCIO