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Lc 22, 14-23,56

14Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos.

15Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer.

16Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.

17Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós.

18Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.

19Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.

20Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós...

21Entretanto, eis que a mão de quem me trai está à mesa comigo.

22O Filho do Homem vai, segundo o que está determinado, mas ai daquele homem por quem ele é traído!

23Perguntavam então os discípulos entre si quem deles seria o que tal haveria de fazer.

56Uma criada percebeu-o sentado junto ao fogo, encarou-o de perto e disse: Também este homem estava com ele.


HOMILIA NO DOMINGO DE RAMOS

Antes da procissão tivemos a leitura do evangelho segundo Lucas, a narrativa que nos foi apresentada fala a respeito da entrada de Jesus em Jerusalém. O evangelista faz uma narração muito parecida com o momento em que o rei Salomão foi coroado rei, e faz uma perspectiva para que se pudesse compreender que Jesus é o verdadeiro rei.  Por isso até poderíamos conhecer essa primeira parte da procissão de Ramos como a procissão do Cristo rei, o verdadeiro rei do universo, proclamado pela multidão que estava em Jerusalém, e hoje também proclamado por nós.

Quando cantamos Hosana ao Filho de Davi, cremos firmemente que Jesus é o nosso rei, e ocupa a centralidade da nossa história, e se somos como São Lucas nos convida a viver, discípulos do nosso mestre, é preciso nos configurar a Ele. 

Sendo verdadeiros discípulos do Senhor, a nós também foi dada a oportunidade de escutarmos outras leituras, mas especialmente a possibilidade de ouvirmos com muita atenção a narrativa da paixão.

Há uma tradição da Igreja Católica, desde o século III (e como é bom termos uma comunhão com tantos irmãos na fé que já viveram o que estamos vivendo hoje), que diz o seguinte: é preciso escutar a paixão do Senhor duas vezes na semana santa, por isso que escutamos no Domingo de Ramos que é o domingo da Paixão do Senhor e escutaremos na próxima sexta-feira santa.

A cada ano o evangelho do domingo da paixão segue o evangelista corrente no próprio ano litúrgico, e na sexta-feira da paixão sempre escutamos o evangelho segundo São João.  O que poderíamos guardar da narrativa que acabamos de ouvir segundo São Lucas? Há uma particularidade desse evangelista ao narrar os últimos acontecimentos a respeito de Jesus, mas também pela assiduidade desse evangelista ao falar-nos do modo como precisamos encontrar em Cristo um refúgio, segurança e, sobretudo, nossa confiança e esperança Nele.

E Lucas usa várias vezes uma expressão: “hoje”, para dar destaque a considerações no seu evangelho, algumas bem conhecidas e quatro delas são mais importantes.  Desde o primeiro momento, quando o evangelista narra o nascimento do Senhor, capitulo segundo usa essa expressão: “hoje nasceu para nós um salvador, que é o Cristo Senhor”.  Segue o evangelho, e no capítulo quarto quando Jesus está na sinagoga, depois de ler o profeta Isaías diz:  “hoje se cumpriu essa passagem da escritura que acabastes de ouvir”.

Seguindo o texto do capítulo dezenove, naquele encontro de Jesus com Zaqueu, Jesus também fala a este homem: “hoje a salvação entrou nessa casa”.  E chegamos ao capítulo vinte e três, narrativa do evangelho que acabamos de ouvir, uma preciosa frase que saiu do coração de Jesus e foi direto ao coração daquele discípulo da última hora:  “ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Quem dera, meus queridos irmãos e irmãs, pudéssemos ouvir esta frase de Jesus, este operário da última hora condenado por que estava numa cruz, ouviu da boca de Jesus que estaria no paraíso.

Na tradição da Igreja esse discípulo da última hora chamado São Dimas é a expressão daqueles discípulos que devem estar atentos aos sinais de Deus, pois em prazo de segundos o Senhor pode dar a salvação. Ele estava atento e, sobretudo reconheceu: estou diante do Filho de Deus.

A nós nessa semana santa caberá reconhecer que Jesus é o centro, reconhecer que Ele ocupa a centralidade da nossa vida e da nossa história. Por isso, quando tomamos os ramos verdes em nossas mãos, simbolizam a esperança no Cristo vivo e ressuscitado. 

Mas esses ramos perecerão, daqui a pouco estarão secos, assim como nossa vida nesse mundo também perece.  Nossa vida é bastante limitada, e precisamos aprender que a partir da vida que o Senhor nos dá neste mundo, temos uma semente para a eternidade, sementes para o céu.

Por isso, o que faremos com esses ramos? Levaremos para casa e será como um sinal de que precisamos ao longo do ano reconhecer a grandeza de Deus.  Onde colocaremos? Num lugar visível, para termos sempre presente este sinal de salvação.  Costumo colocar na frente de casa, na porta ou na janela.  Alguns percebem o ramo na casa paroquial que permanece e vai secando e, daquele ramo, são feitas as cinzas para a quarta-feira de Cinzas início de uma nova quaresma, de uma renovação espiritual.

Que este sinal que hoje levamos para casa não seja um sinal de superstição, mas seja um sinal do Cristo vitorioso.  Ramos nas mãos significa o Cristo que venceu a morte e que ressuscitou para a nossa salvação!

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 14/04/2019. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original.

Escrito por: PE. MAURÍCIO