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Mt 16,13-19

13Chegando ao território de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?

14Responderam: Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas.

15Disse-lhes Jesus: E vós quem dizeis que eu sou?

16Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!

17Jesus então lhe disse: Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus.

18E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

19Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.


HOMILIA NA SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

A festa que hoje celebramos de dois grandes apóstolos, São Pedro e São Paulo, comumente é lembrada no dia 29 de junho, mas acredito que popularmente conhecemos este dia somente como o dia de São Pedro. É preciso que a partir desta solene liturgia que dedicamos aos dois apóstolos, colunas da Igreja, tomemos consciência que aos dois é dada uma tarefa muito importante neste mundo, de unirem várias nações, e de congregarem um único ensinamento de fé em torno de Jesus Cristo. É por meio deste ensinamento que hoje nos encontramos, ainda indagados com muitas perguntas a respeito de quem é Jesus!

Com certeza é uma das perguntas mais intrigantes para nós, seja para vocês crianças que estão num processo de catequese, seja para nós adultos e já crescidos um pouco na fé. E se nos fosse perguntado quem é Jesus com certeza teríamos variadas respostas, mas, esta resposta precisa brotar de um coração que faz uma adesão de fé ao Cristo. Sendo assim, não bastam palavras, ou não é preciso somente palavras externas para professar a fé, mas é preciso brotar do coração o desejo de querer seguir a Cristo.

O desejo de responder a esta pergunta exige muito de nós, exige muito mais que cinco anos de catequese, por mais que alguns pais até reclamem: é muito tempo! Mas temos quarenta, cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, quem sabe cem anos, e ainda não sabemos adequadamente quem é o próprio Cristo na vida e na história.  Portanto, o processo de catequese que vocês vivem hoje é só uma preparação para a vida inteira.

Quem se contenta em responder a esta fé somente com aquilo que recebemos desde o princípio, na verdade está se acomodando. A nossa vida de fé no Cristo vivo e ressuscitado é dinâmica, é transformadora, precisa mudar a nossa vida, sejam vocês como crianças, seja nós como adultos.

E, portanto, à esta pergunta: quem é Jesus, tentamos hoje responder. Buscamos na palavra de Deus uma resposta, porque quando Jesus esteve junto aos seus discípulos, Ele fez esta mesma questão: quem dizem ser o filho do Homem? Outra forma de perguntar quem é Jesus Cristo. E alguns disseram: é João Batista, é Elias ou alguns dos profetas.  Mas vocês, meus discípulos, como se Jesus estivesse se voltando para nós, porque também somos discípulos de Jesus, vocês o que dizem de mim? Percebam a resposta que um dos discípulos deu, “Simão Pedro tomou a palavra e disse: tu és o Messias, o filho do Deus vivo”.

Pela primeira vez no texto do evangelho de Mateus aparece esta profissão de fé, a mesma profissão de fé que fazemos todo domingo. Claro que de uma maneira bastante detalhada, creio em Deus Pai todo poderoso... e segue-se todos os artigos de fé, mas Pedro resumiu tudo: Jesus, tu és o filho do Deus vivo, tu és o Messias.

Neste tempo de catequese que vocês vivem, ou durante toda a nossa vida também aprofundamos a nossa fé para dizer: Jesus, tu és o Messias, tu és o filho do Deus vivo. E se Pedro tomou a palavra, foi para representar toda a Igreja que estava brotando de Jesus, nascendo de Cristo. Representa o grupo de todos os discípulos e representa toda Igreja, por isso que Jesus responde imediatamente: feliz és tu Simão, filho de Jonas porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está nos céus, por isso eu te digo “tu és Pedro”.  Mudou o nome, não é mais Simão, por isso Simão Pedro: tu és Pedro, tu és pedra, tu és cefas, e sobre essa pedra irei construir a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la.

Foi sobre a profissão de fé de Pedro que representa a Igreja que Jesus fundou essa instituição tão importante e ao mesmo tempo tão questionada. Sabiam que hoje é moda entre os jovens não acreditar mais na instituição que é a Igreja? Várias vezes me deparo com jovens que estão no ambiente universitário, não que a universidade tire a fé, que dizem que não acreditam nem na Igreja e nem em Deus.

Infelizmente, em muitos lugares esta dimensão de adesão ao ateísmo é muito grande.  Vivemos em um país em que o número de católicos é enorme, mas, de fato, precisamos pensar como continuaremos a passar a nossa vida de fé.  Foi por este meio, a tradição, que chegou aos nossos ouvidos o evangelho, e é desta forma que firmamos a mesma fé de Pedro, mas uma fé que ele não guardou, que os discípulos também não guardaram para si, mas levaram, contaram para os outros. Por isso, jamais podemos esquecer que aquela dimensão de fé que aprendemos em casa precisa ser retomada. 

Queridos pais, ensinem seus filhos a rezar, ensinem seus filhos a amar a Jesus Cristo, ensinem seus filhos a participar da vida da comunidade da Igreja. Deste modo, manteremos a nossa ligação com Cristo, a nossa fé amadurecerá e estaremos unidos a Pedro.

Mas quem é Pedro hoje na Igreja? Pedro é o primeiro papa. Hoje, nosso Papa Francisco representa todos os apóstolos do mundo. Na época quando foram escolhidos os apóstolos eram doze, depois com Matias que aderiu ao grupo, outro escolhido, mas houve outro apóstolo escolhido por Jesus de uma maneira bem diferente dos outros. Como é que Jesus chamou os outros discípulos? Ele foi caminhando, passando, viu os primeiros, Pedro e seu irmão André, chamando-os para que o seguissem, e eles deixavam tudo e seguiam o Senhor.

Mas outro apóstolo recebeu um chamado diferente. Sabem quem é? São Paulo. Ele nem era discípulo de Jesus, nem conheceu Jesus fisicamente.  São Paulo conheceu o Cristo da fé, o que conhecemos, porque por meio da fé conhecemos o Cristo. São Paulo foi perseguidor do cristianismo no início, com o nome Saulo pregava contra os cristãos, falava que não era possível acreditar em Cristo.  Mas quando estava a caminho de Damasco fez uma experiência muito bonita quando escuta uma voz: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” E a partir daquele momento experienciou o Cristo vivo e ressuscitado.

E o que São Paulo faz? Muda completamente de vida. Como muitas vezes, pregamos o Senhor, não o conhecemos, muitas vezes perseguimos o cristianismo, como acontece com muitos que não aderem à fé no início, mas começam a anunciar que Jesus está vivo e ressuscitado.

É interessante, porque mesmo sem ter se encontrado com os outros discípulos anuncia que Jesus está vivo. Quando os outros discípulos ouvem que Saulo agora falando bem dos cristãos, até o chamaram para conversar. Somente depois de três anos do anúncio é que há um encontro entre Pedro e Paulo pela primeira vez em Jerusalém para tratar de vários assuntos da Igreja. Estes tornam-se as colunas da Igreja, sem as quais colunas a Igreja não persistiria.

Vou falar para vocês, catequizandos, desde já aprendam. Nem todas as cartas que lemos na bíblia foram escritas de próprio punho, mas algumas foram atribuídas a a São Paulo. Mas ele escreveu muitas cartas, uma delas que hoje ouvimos, por exemplo, é a carta de São Paulo a Timóteo, a seu amigo Timóteo, e sabem que São Paulo de onde ele escreve? Da prisão. E escreve como se estivesse se despedindo. Esse discurso que ouvimos aqui é um discurso de despedida: quanto a mim, na verdade já foi derramado o sacrifício, eu estou me aproximando do momento da partida, combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé, agora só me resta a coroa da justiça que só Deus pode me conceder.

Tanto São Paulo quanto São Pedro viveram uma parte da vida presos em Roma, porque foram perseguidos.  São Paulo manda uma mensagem para o seu amigo Timóteo dando esse tom de despedida, mas Pedro, quando estava na prisão, o que aconteceu? Atos dos apóstolos, primeira leitura de hoje, e o que eu gostaria que lembrássemos isto, quando São Pedro estava na prisão, a Igreja não cansava de orar por Pedro.

A Igreja jamais cansou de rezar pelo sumo pontífice, e este mesmo estando na prisão, deixou-se levar por Deus. É impressionante, foi o anjo que chegou até Pedro, e tocou o ombro dele na prisão, acordou a Pedro, estava meio dormindo ainda, nem sabia o que estava fazendo: levanta depressa! Ele obedeceu, as correntes caíram da mão, o anjo continuou: coloca teu cinto, calça as tuas sandálias.  Pedro obedeceu ao anjo, põe tua capa e vem comigo, ele acreditou na voz do anjo, assim como precisamos acreditar na voz de Deus.

E Pedro foi sendo levado pelo anjo e ele saiu misteriosamente da prisão. Foram encontrar Pedro depois, pregando de novo a palavra de Deus, mas como é? Este aí estava preso e agora saiu e nenhum guarda o viu.  É a mensagem de fé deste que foi libertado da prisão graças à oração da Igreja.

Dois caminhos diferentes, Pedro e Paulo, mas um único caminho trilhado por inúmeros papas da Igreja.  Conhecendo um pouco da Igreja há algumas situações humanas, divisões, a Igreja nascida do coração de Cristo é única, mas infelizmente nós cristãos estamos divididos. Essa divisão é por causa da força humana, porque muitas vezes humanamente queremos seguir conforme o que queremos e seguir a Igreja, mas esquecemos de que ela é plena do Espírito Santo.

Certa vez conversando com um padre, o pároco da Paróquia Cristo Rei, quase da mesma idade que eu, dizia: olha o que a Igreja está confiando a nós, a ele e a mim, uma paróquia tão grande. Sabe o que ele me disse? Não se preocupe padre, porque se até hoje os padres não acabaram com a Igreja, não seremos nós que iremos acabar.

E de fato, humanamente somos bastante fragilizados, mas espiritualmente é Ele quem conduz.  Não pensem que é a força humana que conduz a Igreja.  Se fosse somente pela força humana ela não existiria mais, mas porque é a força divina, as portas do inferno não prevalecerão. Tenho um desejo muito grande de colocar de novo esta frase na Capela Imaculada Conceição, talvez ainda este ano.

Quem conhece um pouco da história do nosso bairro Água Verde sabe que na parte frontal da nossa capela na década de 90 existia uma frase em latim, na tradução: “e as portas do inferno jamais prevalecerão.” De fato, a Igreja continua porque é guiada pelo Espírito Santo, e jamais deixará de existir, porque é a força divina, e conta inclusive com orações daqueles que a partir da adesão a Cristo levam esta mensagem de fé, que não é humana, não falo das coisas humanas, mas falo das coisas divinas, das coisas de Deus.

Querem um exemplo maior? De quem vive realmente como Pedro e Paulo, o Papa Francisco. Claro, os outros papas também, quantas viagens apostólicas de João Paulo II pelo mundo, saindo de Roma, visitando tantos lugares, no Brasil esteve três vezes, quantas viagens do Papa Bento XVI. E quantas viagens do Papa Francisco, um peregrino pelo mundo, que até escolheu o nome de Francisco, um jesuíta que se coloca a serviço, o primeiro papa latino americano, e um papa realmente que precisa do nosso respeito e da nossa oração.

Duas imagens me chamaram a atenção na semana que passou, uma delas é a imagem do Papa Francisco beijando o anel do papa Bento XVI. Houve um encontro entre os dois essa semana com os quatorze novos cardeais. Outra imagem é do papa Francisco junto aos pobres de Roma.  A imagem é preciosa, houve um jantar para os pobres de Roma, organizado por um dos cardeais escolhidos pelo Papa Francisco, um cardeal Polonês de 54 anos, responsável pela parte caritativa da Igreja, é o chamado esmoleiro de Roma.

Então ele distribuiu vários convites para os pobres de Roma para que viessem celebrar com ele o dia em que recebia o título, ou esta missão de ser cardeal, e eram muitos os que estavam lá, e de repente o Papa Francisco chegou para o jantar e disse o seguinte: eu não vim aqui por causa do cardeal porque já o encontrei, mas vim aqui por causa de vocês.

É esta a missão do papa, da Igreja, é a nossa missão, encher o coração de todos, para que jamais desistam, e caminhem em direção ao Cristo Bom Pastor.

Este texto foi transcrito, com algumas adaptações, da homilia proferida pelo Pe. Maurício na missa das 19:00h do dia 01/07/2018. Não passou por uma revisão gramatical e ortográfica profunda, mantendo a linguagem coloquial original.

Escrito por: Pe. Maurício